O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China disse nesta sexta, 23, que os Estados Unidos estariam intimidando outros países para tomarem partido sobre as relações com a China , mas que esses esforços não vão ter sucesso. Nesta semana, a relação das duas potências ficou ainda mais tensa com a manifestação de apoio do presidente Jair Bolsonaro à reeleição do presidente Donald Trump.
Para o comentarista Miguel Daoud, o tema é delicado e, dependendo de como o Brasil agir poderá criar inimizade com uma das potências por “posicionamentos diplomáticos e políticos que não teriam sentido nenhum neste momento”.
“A China mudou o foco de sua política econômica. Ela continua comprando alimentos mesmo na crise e vai continuar por alguns anos. Se pegarmos hoje o PIB mundial, os EUA demandam 1/4 desse PIB. Imaginem, agora, a China crescendo como está, tendo como paridade de PIB maior do que os EUA, ou seja, o poder de compra chinês já é maior do que o americano”, disse.
Segundo Daoud, a China vai determinar o consumo mundial pela dimensão da sua economia e pela dimensão da sua população. “A China é importante. Mas nós não estamos preparados para atender essa demanda, porque não temos o mapeamento geográfico do que vamos produzir. Essa demanda vai continuar, vai faltar produto internamente e o governo não tem outra saída a não ser isentar as importações”, completou.
Sobre as questões políticas, Daoud diz que muitas discussões são inúteis. “Temos pela frente um cenário muito otimista por um lado e problemas gravíssimos para o pagamento das nossas contas. O conjunto de tudo isso é que não teremos condições de atender toda essa demanda”, falou.