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Cigarrinha provoca perda de 50% do milho em Minas Gerais

Produtor do Triângulo Mineiro enfrenta rendimento abaixo do esperado na colheita, com espigas incompletas e grãos mais leves que o normal

Fonte: Embrapa

O Brasil projeta uma produção recorde de milho nesta temporada, mas algumas regiões produtoras vêm enfrentando dificuldades na colheita da segunda safa. Enquanto em Mato Grosso produtores enfrentam o grão ardido, por causa do clima, no Triângulo Mineiro, os agricultores brigam com um inimigo ainda pior, a cigarrinha. Por causa do inseto, a qualidade do cereal está comprometida e já há quem estime 50% de perdas na lavoura.

O produtor rural Guilherme Alves da Silveira, de Itiguapira (MG), detectou a praga em sua lavora de 300 hectares no mês passado. Ao começar a colher, notou que o rendimento estava baixo do esperado, com espigas com formação incompleta e grãos com baixo peso. Algumas plantas nem chegaram a produzir espigas, outras tombaram. 

O motivo disso tudo foi a presença da cigarrinha, que suga a seiva da planta, inoculando a doença. Os danos variam de acordo com o estágio do ciclo produtivo da cultura.

O engenheiro agrônomo Luis Fernando Jafelice afirma que, quando essa inoculação acontece muito cedo, a planta “enfeza” e fica praticamente sem espigas. “Se o produtor não faz o controle eficiente na fase da planta adulta, ele tem outro problema: mesmo que ela tenha porte normal, apresenta má formação de espigas, que deveriam estar cheias, mas perdem o grão”, diz.

Segundo Jafelice, para reduzir os danos o produtor deve realizar o tratamento de sementes e escolher híbridos que apresentam maior resistência a doença. “Quando você faz a opção pelo controle químico, o custo da lavoura fica muito alto, assim, o nível de produtividade precisa ser muito elevado para pagar todo esse gasto. Uma das alternativas é a busca por semente de híbridos que apresentam maior resistência à cigarrinha”, diz o agrônomo.

Para tentar controlar a doença, Guilherme Alves da Silveira realizou o tratamento de sementes e quatro pulverizações. Isso resultou no aumento de 15% no custo final de produção e, mesmo assim, a produtividade vai ser 50% abaixo do esperado.

O produtor esperava colher entre 140 e 150 sacas por hectare, mas, agora, acredita que vai conseguir no máximo 70. Para piorar a situação, os preços do grão caíram mais de 50% este ano. Diante do cenário delicado, Silveira não sabe se vai conseguir fechar as contas.

“O mercado está prejudicando bastante os produtores, e veio um custo maior que ninguém esperava.  Nós chegamos a fazer até pulverização aérea devido ao porte do material, que estava um pouco avançado e tivemos esse custo a mais”, conta.

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