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Clima faz faltar feijão no Paraná e em Minas Gerais

Maiores produtores nacionais do grão, estados sofreram com chuvas na colheita da primeira safra, fazendo o preço da saca saltar para até R$ 250

Fonte: Marcelo Lara/Canal Rural

O Paraná, maior produtor de feijão do país, está importando o grão de outros estados. Isso porque a primeira safra de feijão paranaense é 9% menor do que a do ano passado. Excesso de umidade na colheita e redução de área levaram o estado a colher cerca de 300 toneladas de feijão.

Em Minas Gerais, que só perde para o Paraná em produção, o excesso de chuvas na colheita também afetou a produção. Agricultores contabilizam prejuízos que já chegam a R$ 1 milhão.

De acordo com o atacadista Paulo Colonhesi, do município de Corbélia, no oeste paranaense, a oferta de feijão no estado vem caindo há três safras. Ele afirma que, neste início do ano, recebeu metade da quantidade que normalmente recebe no período.

O preço pago por Colonhesi, no entanto, aumentou em média 30%, variando entre R$ 170 e R$ 250 a saca. A diferença é atribuída ao valor do frete. Na região do atacadista, há armazéns com feijão provenientes de Goiás e de Mato Grosso, e até produto adquirido de estoques públicos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Segundo o comerciante, todo o feijão da atacadista já está vendido, inclusive a carga que ainda está chegando de outros estados. “Hoje, a empresa está com estoque zero”, diz Colonhesi.

A baixa oferta também se estende a quem quer produzir a segunda safra, já que na primeira – a das águas – não foi possível produzir muita semente, afirma o engenheiro Pedro Noriyo Saito. “A gente tinha os campos registrados junto ao Ministério da Agricultura, mas com o período de muita chuva em novembro e dezembro, os campos foram condenados”, afirma.

Essa situação, somada à instabilidade de preço, levou o produtor rural Marcos Roberto Forte a reduzir 50% da área de cultivo de feijão carioca, em relação ao ano passado. Ele calcula que os custos com insumos como a semente sofreram aumento de 40%, em média. “A gente optou em reduzir por causa da incerteza”.

Produtores que, como Forte, colhem soja e plantam feijão em seguida correm o risco de verem pragas migrando de uma cultura para outra. Uma delas é o percevejo barriga-verde, que suga a seiva da planta e pode levá-la a definhar, afirma o agrônomo Saito.

Minas Gerais

A seca atingiu as lavouras mineiras de feijão em dezembro, prejudicando o enchimento dos grãos. O mês de janeiro, por sua vez, trouxe excesso de chuva, facilitando a proliferação de doenças.

Houve também o brotamento do grão dentro da vagem, o que gerou perda por podridão e outros fungos, lembra o engenheiro agrônomo Leandro Henrique Gomes. Na colheita, isso trouxe grãos com escurecimentos e menor qualidade, fazendo o agricultor perder na produção e no valor do feijão.

Minas Gerais destina quase 150 mil hectares à cultura. No estado, geralmente são plantadas três safras, a primeira delas, de verão, já está sendo colhida e as notícias não são boas. Os produtores acreditam em quebra de produtividade de 30% a 40%.

Francisco Gonçalves da Silva semeou 200 hectares com feijão e teve perda total em 60% da área. No restante da lavoura, colheu metade do esperado, contabilizando mais de R$ 1 milhão em prejuízos.

O feijão colhido teve qualidade reduzida e alcançou preço baixo. “A parte que eu colhi um pouco eu ainda consigo salvar o custo, mas a parte que perdeu, eu não consigo recuperar nada”, diz o produtor rural.

Na região mineira do Alto Paranaíba, calcula-se que cerca de 300 mil sacas de feijão foram perdidas. A baixa oferta do produto no mercado estadual ocasionou uma alta de preço de 17% em janeiro. O feijão carioca tipo 8 chegou a ser vendido a R$ 240.

O produtor Frederico de Queiroz Elias afirma que, neste ano, o preço foi o maior que ele já recebeu em todos os anos de produção. O valor pago alcançou entre R$ 230 e R$ 240 a sacar, mas o mercado já esfriou.

A aposentada Maria José Cury afirma que o preço do feijão ao consumidor dobrou nas últimas semanas. “Eu pagava R$ 2,98, agora está R$ 6,30 (o quilo). Você precisa rodar de supermercado em supermercado para ver qual é mais barato”, ensina.

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