O Matopiba, região composta por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, enfrentou os piores problemas climáticos da historia e os prejuízos derrubaram pela metade a exportação de grãos. O porto de Itaqui, em São Luis (MA), esperava embarcar 3 milhões de toneladas, mas só 1,5 milhão vai ser enviado ao mercado externo.
Com essa queda, cerca de R$ 1,6 bilhões deixam de circular na safra de soja e milho nos estados do Matopiba. Abalados, produtores rurais tentam receber o seguro e renegociar dívidas.
Diante da crise, a Agrobalsas, feira agrotecnológica de balsas realizada no Maranhão, quase não aconteceu. O evento foi adiado 40 dias e só foi realizada para um número reduzido de estandes. “Nós ficamos preocupados com a chuva e depois veio a troca de ministros, o que atrapalhou bastante nossos planos”, disse Gisela Introvini, superintendente da Fundação de Apoio à Pesquisa do Corredor de Exportação Norte (Fapcen)
Nenhum dos participantes do evento espera vender muito ou superar os números do ano passado. A venda de máquinas agrícolas, que já vinha caindo desde 2015, está 35% menore as consequências podem ser piores para a próxima safra.
O produtor rural Valerio Mattei, acostumado a colher 50 sacas de soja por hectare, produziu apenas 15 em alguns talhões e acabou perdendo tudo em outros. “A soja que foi plantada em novembro pegou muitos dias de sol até dezembro. Em janeiro veio uma chuva muito intensa e, fevereiro, choveu de novo”, disse.
Como última alternativa, Mattei antecipou 60 dias e plantou o milho em janeiro. Mas, com a chuva, foram 600 milímetros em poucos dias e a esperança com a troca de cultura também foi perdida. “Agora é um quebra-cabeça e juntar as pecinhas para tentar resolver o problema da melhor forma possível”, completou o produtor.