Com crédito mais difícil, procura por barter cresce 50% em feira de SP

Uso de parte da colheita como moeda de troca por insumos e máquinas permite que agricultor tenha dívida lastreada em sua própria produção  

Fonte: Canal Rural

Com maior dificuldade para acessar o crédito rural e com altas taxas de juros, agricultores têm aumentado a procura por operações de barter. Na Feira de Agronegócios Coopercitrus Sicoob Credicitrus (Feacoop), a adesão a essa modalidade de financiamento – que consiste na troca de produtos agrícolas por insumos e máquinas – cresceu 50% em relação à edição do ano passado.

Os organizadores do evento, realizado em Bebedouro (SP), acreditam que esse modelo de negócio que usa parte da produção como moeda de troca deve movimentar R$ 40 milhões – mais de 10% do faturamento total da feira neste ano. De acordo com o superintendente de Grãos da Coopercitrus, Raul Dorti, o produtor pode fazer o pagamento com a sua colheita de milho, soja ou café. 

“No primeiro momento, ele não desembolsa nenhum centavo e já faz o travamento dos custos de produção com a própria lavoura”, diz.

O cafeicultor Marcelo Antônio Soares viu no barter a oportunidade para comprar o pulverizador de que tanto precisava. Para fechar negócio, ele vai entregar 48 sacas de café arábica nos próximos três anos. Segundo Soares, ter uma dívida lastrada no próprio produto facilita a organização dos gastos durante todo o ano.

O produtor faz operações de barter há três anos. Ele já comprou através dessa modalidade uma carreta, uma roçadeira e um trator para ajudar na produção de café no sudoeste mineiro. Experiente, o cafeicultor aconselha outros agricultores a não fazer o travamento acima de 40% de sua estimativa de produção, podendo realizar outras operações com o restante. “Negociando de 20% a 40% com o barter, você fica com a maior parte da sua produção livre para uma alta de preços”, afirma.

Os produtores também devem ficar alertas em caso de quebra de safra ou de dificuldade de honrar os valores acordados. Dorti, da Coopercitrus, conta que, em casos como esse, é feita uma renegociação com o produtor para que ele consiga liquidar a dívida.