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Com insumos caros, reduzir área é mais vantojoso que perder produtividade

Os atrasos na compra dos insumos têm sido registrados com maior força em São Paulo e nos estados do Sul 

Fonte: Divulgação/Canal Rural

Por causa da alta nos custos, alguns produtores estão deixando para comprar os fertilizantes mais próximo do plantio. Outros pensam até em investir menos em adubação nesta temporada. Alguns especialistas alertam que neste caso, pode ser mais vantajoso reduzir a área do que comprometer a produtividade. Os atrasos de compra dos insumos têm sido registrados com maior força nos estados do Sul e em São Paulo, onde a crise do setor sucroalcooleiro impacta diretamente a diminuição da demanda.

O engenheiro agrônomo Daniel Lopes acredita que este será um ano difícil para as indústrias de fertilizantes estabelecidas dentro do estado de São Paulo.

– São Paulo é um estado que de fato nós já havíamos observando uma redução nas entregas de fertilizantes e acontece o mesmo na comercialização. O agricultor ele tem que colocar em mente qual é a produtividade esperada que ele gostaria de ter naquela safra e com isso tomar a decisão correta de quanto ele deve investir em fertilizantes e outros insumos. Essa é uma decisão difícil esse ano de ser tomada, mas a gente sabe que se ele compra uma semente de qualidade ele precisa nutrir adequadamente essa semente.  – firmou Lopes.

Entre janeiro a julho, as vendas de fertilizantes no país foram 7,7% menores na comparação com o mesmo período de 2014 de acordo com a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda). O atraso também é atribuído à demora na liberação do Crédito Rural e também ao fato de 80% dos adubos usados no país virem do exterior.

– A situação que nós estamos vivendo no momento seguramente é uma situação de atraso na compra, nas decisões de compra, em função da situação econômica, das variações de taxa cambial, ele sempre fica na expectativa de ganhar alguma vantagem, mas vai chegar um momento que é crucial, ou compra ou não compra. Ele tem a data de plantio, ainda mais soja que as janelas de plantio são muito estreitas, então ele não tem muito o que adiar a partir de determinada data – afirmou Reinaldo Canturatti, secretário da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo.

Os custos com a compra de fertilizantes representam em média 30% dos gastos de produção do agricultor brasileiro para a sociedade brasileira da ciência do solo, a diminuição do uso de fertilizantes nas plantações pode ser uma saída, mas tem que ser planejada.

– Entre fertilizar menos em toda propriedade e fertilizar adequadamente glebas que sejam economicamente viáveis eu acho que reduzir área plantada com adequada adubação, do ponto de vista econômico, do ponto de vista de sustentabilidade, eu acharia mais negócio. Outra preocupação é do ponto de vista técnico é a lógica do produtor no propósito do produtor obter uma logística mais fácil, fazer aplicações à lanço em área total para o fósforo, mesmo nessas áreas isso não é recomendável. Se houver redução as culturas que vão ser mais afetadas seriam a soja e depois o milho e talvez até o algodão – disse o secretário da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo.

O produtor que ainda não negociou a compra de fertilizantes para o início do plantio pode pagar ainda mais caro pelos produtos. Especialistas preveem que o dólar deve continuar subindo nas próximas semanas e os preços devem ficar maiores por causa da demanda acumulada de entrega em diversas regiões do país.

– Há um risco de que quando o produtor realmente resolva comprar nós tenhamos alguns problemas de logística. Nós temos aí algumas filas grandes de navios nos portos que impactam em um custo do navio parado no porto grande, isso impacta no preço do fertilizante e depois você tem todo problema logístico de misturar, fazer a mistura desse fertilizante, distribuir e fazer com que ele chegue lá na ponta consumidora efetivamente. É possível que tenhamos um aumento de preço de curto prazo em setembro e outubro pra cumprirem as entregas. Por outro lado como os preços dos grãos seguem baixos, os produtores continuam tentando na medida do possível, comprar menos fertilizantes o que pode gerar menos produtividade – afirmou o consultor da FCStone, Marcelo Mello.

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