Com a aprovação do PLN 1, cerca de R$ 869 milhões vão suplementar o Plano Safra vigente. É um respiro em meio a um cenário de alta dos juros livres. No entanto, se está difícil manter os recursos para o atual ciclo, como o governo federal pretende bancar o crédito aos produtores no Plano Safra a ser lançado no segundo semestre?
O Canal Rural conversou com representantes das federações de agricultura de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul para saber como eles avaliam esse cenário. A assessora econômica da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), Aline Veloso, classifica a situação como delicada, pois há uma elevação de juros, criando expectativa sobre as taxas que serão aplicadas no próximo Plano Safra.
“Mas a grande questão é de onde sairão os recursos, sem furar o teto dos gastos, pois o Plano Safra é um importante indutor de desenvolvimento para o meio rural, para manter a nossa diversidade, manter a nossa segurança alimentar e desenvolver as atividades no campo e a economia como um todo”, diz.
Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), afirma que a aprovação do PLN 1 traz uma tranquilidade momentânea para o setor produtivo. “Mas nós, da federação de agricultura do Rio Grande do Sul, não nos sentimos felizes com essa aprovação, porque está devolvendo para a agricultura o que nunca deveria ter sido tirado dela”, diz, referindo-se ao corte do Orçamento que afetou o Ministério da Agricultura.
O economista da Farsul lembra que os produtores ficaram praticamente três meses sem recursos para financiamento oficiais, obrigando muitos a tomarem crédito a juros de mercado, pois não tinham caixa para esperar a resolução da situação pelo Congresso. “Estão aprovando o PLN 1 porque errou-se lá atrás, colocando-se muito pouco dinheiro para a agricultura. Porque não se respeitou a agricultura na hora em que o Congresso construiu a Lei Orçamentária de 2022”.
Da Luz afirma ainda que a preocupação agora é com o próximo Plano Safra. “Hoje não tem dinheiro para ele. Nós precisamos de pelo menos mais outros cerca de R$ 800 milhões para que o próximo Plano Safra chegue até a próxima Lei Orçamentária, que vai entrar em janeiro do ano que vem. Não está fácil essa equação”.
Entrevistado em outro momento do telejornal Rural Notícias, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Guilherme Soria Bastos, disse que a pasta já vem conversando com o Ministério da Economia e com o Banco Central sobre as necessidades do setor para o próximo plano. Segundo ele, face aos estudos que têm sido feitos com relação aos custos de produção, há indicação de que a base de recursos será maior.
“[Mas] Isso tem que caber dentro do orçamento. E aí é uma combinação de taxa de juros e aquilo que tem disponível para a gente ter um Plano Safra muito bom e positivo para o nosso setor, um trabalho que não é fácil num ambiente de restrições orçamentárias em que a gente está vivendo”, diz Bastos.