O ritmo da comercialização da soja segue lento no país e, no mercado internacional, a oscilação da moeda americana e os cumprimentos de contratos da safrinha de milho estão entre os principais pontos para a dificuldade nas negociações.
Para o produtor rural Alfredo Felipe Tomé, de Campos de Júlio (MT), que está quase terminando o plantio da safra de soja, a expectativa é de uma boa produtividade, superando os 54 sacos por hectare da safra passada. Apesar do otimismo, o produtor está preocupado com a comercialização, pois em 2015, nessa mesma época, 60% da safra tinha sido vendida e agora o número chega a 30%.
“Quando nós fechamos essa parte dos 30% era razoavelmente bom, para fechar essa parte de insumos. A gente conseguiu comprar mais cedo e os insumos estavam mais baratos, a semente estava mais barata, então nesses R$ 19,45 que nós fechamos dava um custo razoável comparando com o ano passado, só que o custo operacional e o custo fixo que nós temos na fazenda onerou muito”, disse.
O secretário de agricultura de Campos de Júlio, Ademir Rostirolla, reconhece que as vendas futuras foram abaixo do esperado neste ano. “Não foi vendido muito pela definição da safra americana, pois os preços estavam aquém daquilo que muita gente estava esperando. Por isso houve essa retração nas vendas futuras na expectativa da melhora do mercado para fazer as vendas”, falou.
Os preços no mercado internacional e a instabilidade do dólar aqui no Brasil são apontados pelo produtor como fatores de preocupação. Em todo o estado, o cenário é muito parecido segundo dados do Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (Imea), que aponta que a comercialização até agora está em 27%. Na safra passada estava próxima aos 50%.
Apesar dos preços mais baixos, o presidente da Aprosoja de Mato Grosso, Endrigo Dalsin, acredita que alguns fatores podem favorecer os produtores brasileiros. “Nós temos bastante para andar ainda, pois temos toda a safra brasileira sendo plantada neste momento e a safra Argentina será uma safra que tem muito para andar ainda. Nós temos, possivelmente, a entrada do La Niña ocasionando um período mais seco na Argentina, o que pode oportunizar alguns momentos de travamento novamente. Esperamos que a gente consiga avançar a níveis de R$ 65 ou R$ 67, que é um preço que dá remuneração ao produtor aqui do Mato Grosso”, disse.