Os índios dizem que esta foi uma estratégia para acelerar o processo de demarcação. Segundo o cacique Val Tupinambá, o traçado deixando de fora os hotéis e pousadas do litoral foi uma promessa do governo de que, assim, seria mais fácil fazer as indenizações e demarcar a terra rapidamente, o que não aconteceu. Val Tupinambá diz que as ocupações são uma forma de pressionar o governo para finalizar o processo de criação da terra indígena e indenizar os agricultores.
– Não somos contra os agricultores. Essas ocupações inclusive são uma forma de pressionar para que os pequenos agricultores sejam indenizados, que eles recebam o deles. O governo precisa se pronunciar para que os pequenos recebam indenização das suas terras – diz o cacique.
O município de Buerarema, foco do conflito, é essencialmente agrícola. A estimativa da Associação de Pequenos Produtores de Ilhéus, Una e Buerarema é de que só o cacau movimente R$ 36 milhões na economia da região por ano. O cultivo gera em torno de R$ 800 de renda por família. Depois que começou o conflito e foi montado o acampamento dos agricultores no centro, toda a cidade acabou se envolvendo e sentindo os reflexos do problema. Alguns lojistas dizem que o movimento caiu 25% no último mês. A circulação de cargas de frutas e outros produtos para feiras em Ilhéus também caiu.
A Fundação Nacional do Índio (Funai) disse que seguiu todas as regras para fazer o estudo de criação da terra indígena. Disse, ainda, que foi formado na quarta, dia 18, um grupo de trabalho que tem como objetivo consolidar um plano de segurança conjunto para a região, além de monitorar o policiamento e ações de segurança para comunidades rurais e indígenas. O grupo é formado por representantes do Ministério da Justiça, Funai, Polícia Federal, Força Nacional de Segurança Pública, Secretaria-Geral da Presidência da República e Polícia Militar do Estado da Bahia.
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• Conflitos entre índios e agricultores seguem intensos no sul da Bahia