O manejo da raça e o mercado dessa carne foi tema do Canal Rural Responde, a pedido do internauta João César Guimarães, de São Carlos (SP). O primeiro casal da raça japonesa chegou ao Brasil em 1993, na Fazenda Yakult, em Bragança Paulista, interior de São Paulo. Além da criação do animal, a propriedade é referência no armazenamento embrionário e reprodução de wagyu.
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Depois de passar a gestação na pastagem, a vaca fica à disposição dos bezerros que são submetidos a uma suplementação alimentar diferente, conhecida como mamada controlada. Além do leite materno, os animais recebem uma ração especial.
– Esse sistema nos ajudou também a ter um ganho de peso desses animais. Os bezerros estão desmamando com 40 a 50 quilos a mais do que no método convencional. Além de tudo, essa suplementação faz com que aumente a maximização do marmoeiro da carne lá na frente – explica o médico veterinário Eliel Marcos Palamim.
Com oito meses, o animal desmama e é semiconfinado. No espaço de recria, ele fica até os 18 meses, quando atinge o peso e a maturidade ideal para serem totalmente confinados até os 30 meses. Esta é, segundo os especialistas, a etapa em que o tratamento tem maior influência na qualidade da carne.
Para conservar a qualidade genética do animal, os japoneses incluem até cerveja e massagem no manejo dos animais. Aqui no Brasil, esses cuidados são inviáveis por causa do alto custo de produção. Mesmo assim, a preocupação com a qualidade dos insumos é uma constante.
– O animal aqui fica por um ano recebendo uma dieta à base de concentrado balanceado de silagem de milho. Com essa engorda de 1,200 quilo de peso ao dia e tenta chegar com uma meta de 750 quilos de peso vivo na idade do abate – diz o médico veterinário.
Junto com países como a Coréia do Sul, Estados Unidos e Austrália, o Brasil já é um expoente na criação e na qualidade da carne do wagyu. Hoje já são 50 criadores e um rebanho de cinco mil animais puros de origem. Tanto que os criadores discutem a criação de um selo de garantia.
– Será formalizado um selo de qualidade e um selo de origem da carne wagyu, tanto para animais puros quanto para a carne oriunda de animais cruzados – reforça Marco Aurélio Metidieri , da Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos da Raça Wagyu,.
Com a certificação, os criadores brasileiros devem conquistar ainda mais espaço e confiança no mercado interno. Um dos principais cortes desse animal é o Kobe Beef, que atualmente precisa é importando da Austrália. Os preços variam de R$ 300 a R$ 510 o quilo. O valor oscila de acordo com a peça e o nível de gordura entre as fibras, o famoso marmoreio.