Com alta de 30% no ano passado, o mercado de galinha caipira segue aquecido em 2017. Apesar da demanda crescente, a produção da ave e também do ovo caipira – ambos com sabor diferenciado – ainda é pequena no Brasil. O que pode ser uma opção interessante para elevar a renda da propriedade.
O vice-presidente da Associação Brasileira de Avicultura Alternativa, Luiz Ricardo Bianchi, que é também criador desse tipo de galinha, acredita em um forte crescimento do mercado em 2017/2018. Ele se baseia na última temporada, em que a comercialização de aves caipiras cresceu mesmo em tempos de crise.
Bianchi afirma que o consumidor brasileiro já reconhece esses produtos como mais nobres do que as aves e os ovos obtidos em granjas industriais. Por essa razão, naturalmente aceita que eles tenham preço mais elevado, uma vez que também apresentam maiores custos.
A produção de frangos, galinhas e ovos caipiras ainda é tímida por aqui, em comparação a outros países. Na França, por exemplo, o segmento passou a abocanhar 30% do mercado interno desde que esse tipo de criação foi regulamentado. No Brasil, a regulamentação chegou em 2015, mas o custo de produção ainda é alto, podendo atingir o dobro dos gastos de uma granja industrial.
O técnico agropecuário Márcio Cristiano Rodrigues explica que isso ocorre porque a galinha caipira leva um tempo maior para atingir o peso ideal de abate, o que encarece o processo. A conversão alimentar da ave não é tão eficiente quanto a das linhagens industriais, desenvolvidas para chegar ao abate em poucas semanas.
Para uma galinha ser considerada caipira, segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), ela precisa ser criada solta, e não em grandes galpões. O manejo também não pode lançar mão de medicamentos para crecimento rápido ou aumento da produção. “Antigamente, existia muito frango caipira ‘falsificado’, mas, depois da publicação da norma, isso caiu drasticamente”, diz Bianchi.
Ovo caipira
O vice-presidente da associação afirma que são essas condições de criação distintas que proporcionam as caraterísticas particulares da ave caipira, como o sabor diferenciado e a carne mais firme. Segundo ele, a ave apresenta mais colágeno, por isso se diferencia do sabor do frango de granjas industriais.
A produção de ovo caipira também ganhou normas específicas no final do ano passado. E não é a cor que define se o produto é desse tipo ou não. De acordo com Luiz Ricardo Bianchi, o mercado entende que o ovo caipira tem casca vermelha e gema também mais avermelhada. “Isso é verdade, mas, infelizmente, é muito fácil enganar o consumidor usando linhagens que põem ovos dessa cor, mas criadas em gaiolas e comendo um aditivo corante que vai dar o vermelinho da gema do ovo caipira”, lamenta.
Ele recomenda que o comprador procure produtos certificados, de criadores confiáveis, que, com certeza, serão provenientes de aves criadas soltas, sem uso preventivo de quimioterápicos ou antibióticos. É preciso conhecer o produtor. “Não existe hoje um método pelo qual você diferencie um ovo caipira de um ovo mal intencionado”, brinca Bianchi.