Enquanto o consumo de carne segue baixo e desvalorizando a arroba, o preço do ovo registrou alta superior a 10% no mercado brasileiro. O período da quaresma e a preferência do consumidor por proteínas mais baratas ajudam a explicar essa valorização. “Ovo não pode faltar, ainda mais com esse preço alto da carne, o que faz com que a gente substitua pelo ovo”, disse o aposentado Celso Figueiredo.
O problema é que a oferta do produto não é suficiente, segundo o comerciante Raimundo Albuquerque Filho, que trabalha em um mercado municipal da zona oeste de São Paulo. Falta ovo para revender e, ainda por cima, o preço está até 25 por cento mais caro.
“A gente tem dificuldade, pois passamos o pedido para a granja e ela fica cortando parte do pedido, principalmente os ovos maiores, que temos dificuldade de comprar”, falou.
Nos últimos quatro meses, o valor do produto só vem crescendo e, nesse período de quaresma, o ovo atingiu o maior patamar do ano. Segundo o último levantamento feito pelo Cepea, a caixa com 30 dúzias da variedade branca custa, em média, R$ 93,59 e do tipo vermelha R$ 111,37.
“Para este período do ano, estava sendo negociado o ovo branco a R$ 82,74 e o vermelho a R$ 95,73, seguindo a média de março de 2016. Então, vemos que tem um aumento no ano em torno de 10% para o branco e 13% para o vermelho”, disse a pesquisadora do Cepea Camila Ortelan.
O Brasil produz 3,5 bilhões de ovos por ano e, desse montante, apenas 1% vai para exportação. Apesar da valorização, não existe falta de produto no mercado brasileiro, afirma o vice-presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal, Ricardo Salin, que não vê a alta do consumo como um efeito sazonal.
“Nós definimos o que vai ser produzido hoje há muito tempo. É a mesma produção que estava planejada e o preço subiu porque aumentou o consumo. Então, naquela produção, você teve picos de consumo e a lei da oferta e demanda faz que o preço seja melhor”, avaliou.
Para se chegar a esta conclusão, algumas situações inesperadas, como a operação Carne Fraca, auxiliaram no aumento do preço do produto. “A Carne Fraca fez com que o ovo ainda tivesse uma subida ainda maior. Então, somando todos esses elementos, vemos uma estabilidade positiva para o setor”, concluiu Salin.