O contrato do milho para janeiro de 2021 ultrapassou os R$ 83 reais a saca na manhã desta quarta, 21, na B3. Os preços também registraram recorde no indicador do Cepea, a R$ 72 a saca na praça São Paulo.
De acordo com o sócio-diretor da MB Agro, José Carlos Hausknecht, o preço do milho pode estar encontrando o teto por causa da retirada das tarifas de importação de produtos vindos de outros países. “É difícil subir muito mais do que isso, porque abriria janela para importar milho dos EUA. A retirada da tarifa limita o teto da alta no caso do milho. Tem o fator câmbio, preços internacionais muito firmes e o milho primeira safra no Rio Grande do Sul sofrendo com a estiagem. Ainda tem a situação do La Niña, que pode ter consequência na produção no começo do ano, e isso pressiona os mercados”, disse.
“A gente está esperando estoques baixos no fim do ano e, se tiver uma quebra de safra no começo do ano que vem, podemos ter uma situação mais complicada, o que deixa os mercado mais nervosos”, completou.
Segundo a avaliação do comentarista Miguel Daoud, há espaço para o preço da saca do milho chegar aos R$ 100. “São fatores que me levam a acreditar e que não estão no mercado. Eu tenho participação e acesso a alguns relatórios de alguns bancos de investimentos, inclusive alguns que avaliam o clima e eventos da natureza para poder avaliar investimentos em volta do mundo. Hoje, tomei conhecimento em um desses relatórios que o La Nina vai afetar a produção agrícola em todo o mundo. Então, se esse cenário se confirmar, eu não tenho dúvida de que o milho vai chegar aos R$ 100”, contou.
Para Daoud, isso não é positivo para todos. “Tendo essa alta, na cadeia de proteína animal teremos um impacto muito grande. Colocamos que o produtor está preparado para tudo, menos para um cenário mais grave. Quem tem milho não vende, mas quem precisa comprar não compra por causa do preço. Caso se confirme essa situação de mais alta, que ainda depende de dados a serem consolidados, é preciso montar estratégias”, falou.