O faturamento do Sistema Ocepar, organização que reúne as principais cooperativas do Paraná, chegou a R$ 110 bilhões em 2020. O dado foi revelado nesta sexta-feira, 4, durante o 4º Encontro Estadual de Cooperativas Paranaenses. Para se ter uma ideia, o volume de recursos é mais do que o dobro do orçamento público do governo do estado para o ano que vem (R$ 51,6 bilhões).
O Sistema Ocepar congrega 221 entidades, com mais de 2,5 milhões de cooperados registrados, de sete segmentos: agronegócio, crédito, saúde, transporte, infraestrutura, serviços especializados e cooperativas de consumo.
No agro, o cooperativismo é bastante representativo. Segundo dados da entidade, cerca de 65% da produção agrícola do Paraná passa pelo sistema cooperativista, assim como 45% dos produtos pecuários.
Ao mesmo tempo em que comemora os resultados, a Ocepar já planeja os próximos anos: a ideia é elevar o faturamento das associadas para R$ 200 bilhões.
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O agro não para
Mesmo em meio à pandemia da Covid-19, as cooperativas do Paraná ligadas ao Sistema Ocepar não pararam. Foram criados no setor cerca de 10 mil empregos, destacou o presidente da entidade, José Roberto Ricken. “Em mais de 130 municípios, o cooperativismo é o maior gerador de tributos, empregos e renda”, disse.
O presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes, reforçou que o cooperativismo, que surgiu da crise gerada pela Revolução Industrial, continua sendo uma forma de os trabalhadores se unirem para superar as crises.
“O setor não pode parar. Tem que plantar, colher e tratar dos animais”, lembrou. “As cooperativas criam um cluster de desenvolvimento que irradia positivamente”, acrescentou Lopes.
O governador do Paraná, Ratinho Junior, e o vice Darci Piana também mandaram recados durante o 4º Encontro Estadual de Cooperativistas Paranaenses. Segundo Ratinho Junior, os números deste ano “reforçam a importância da união para se construir uma sociedade desenvolvida”.
O presidente da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop), Evair de Mello, falou sobre a importância dessas entidades para “alinhar o setor produtivo e acirrar a competitividade a nível global”.
De acordo com Mello, as cooperativas são a melhor forma de inserir pequenos agentes no mercado internacional. “Elas têm se mostrado, evoluindo a cada ano, a única coisa capaz de proteger as pessoas”, disse.
O ano que vem pode ser ainda mais promissor, segundo Ricken, já que o estado deve ganhar o status de livre de aftosa sem vacinação, além de ser livre da peste suína clássica. “São medidas importantes para introdução dos produtos paranaenses a nível mundial”, afirmou.
O governador do Paraná disse que a retomada econômica vai requerer bastante trabalho e empenho de todos, mas a ideia é transformar o Paraná em um ‘hub logístico’ na América Latina. “Estamos investindo em infraestrutura, facilitando acessos e encurtando as distâncias”.
Comunicação será essencial para vencer desafios e ampliar mercados
O comunicador Nizan Guanaes falou sobre as perspectivas para o mundo após a pandemia da Covid-19 Para ele, apesar do cenário desolador, há também oportunidade em meio à crise.
“Todas as vezes que vemos um sujeito que enfartou, sobretudo na época em que se abria o coração, há tendência dele sair modificado pela experiência de morte. Toda vez que alguém passa por um trauma profundo, tem também amplitude no olhar para renovação”, afirmou.
Guanaes afirmou que o principal desafio do agronegócio brasileiro é melhorar a sua comunicação. “O agro brasileiro é global em tudo, menos em comunicação. Nisso, ele é caipira. Não é que ele se comunica mal, ele não se comunica”, frisou. “Enquanto não começar a se comunicar, vai ter problemas para entrar em novos mercados ou falar com os consumidores mais jovens desses mercados”.