COP26

COP 26: Faltou comprometimento das grandes economias para financiamento ambiental, diz Silvia Fagnani

Sócia da Think Brasil afirma que desafio do financiamento será contar com setor privado, que se aproximou da pauta da Conferência sobre Mudança Climática

Os altos custos de transição energética foram mais uma vez a desculpa para que grandes consumidores de combustíveis fosseis não assumissem maiores compromissos na COP26, de acordo com Silvia Fagnani, sócia da Think Brasil.

Segundo ela, a ausência da Rússia e China das negociações e ainda as mudanças de ultima hora propostas pela Índia e China para amenizar os termos dos compromissos de eliminação do carvão frustraram a comunidade internacional, que tinha grandes expectativas para reduções nas emissões e diminuição do aquecimento global.

Além da frustração ligada à redução do uso de carbono, diz a analista, as grandes economias falharam em não se comprometer com financiamentos públicos para amenizar as mudanças climáticas. As criticas estariam no fato de que houve grande volume de demanda aos países em desenvolvimento e comprometimento baixíssimo em financiamentos para manutenção do meio ambiente.

Silvia Fagnani lembra que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chegou a dizer em seu discurso que as mudanças climáticas atualmente são o segundo maior desafio da humanidade, ficando atrás apenas da Covid-19. Segundo ela, entretanto, foram gastos pelos governos no enfrentamento da pandemia US$ 17 trilhões, contra um compromisso acertado em 2020 de aplicar US$ 100 bilhões por ano para minimizar as mudanças climáticas — embora o gasto real teria sido de US$ 80 bilhões nesse primeiro ano.

“Isso mostra que a saída não está na confiança nos governos para solução do problema. O desafio do financiamento será contar com o setor privado, que claramente se aproximou da pauta na COP26”, salienta Fagnani.

Ela afirma que os bancos se aliaram em Glasgow para um compromisso com o meio ambiente em US$ 60 trilhões  – quase metade dos ativos financeiros do planeta. O que pode ser considerado um ganho da conferência.

“Estes financiamentos são importantes para ações que possam mitigar as mudanças climáticas e também cobrir o custo de seguros que possam reduzir os efeitos dos desastres decorrentes do aquecimento global”, pondera.

A Agência Internacional de Energia Renovável estima que até 2050 seriam necessários US$ 131 trilhões para que o mundo todo reduza as emissões e cumpra as metas do Acordo de Paris.