Em Mato Grosso, municípios com destaque na produção agropecuária aparecem na lista das cidades com alto risco de contaminação pela Covid-19 e deixam o campo em estado de alerta. A prevenção e a restrição às propriedades rurais são algumas medidas adotadas pelo setor para evitar a disseminação da porteira para dentro.
Na propriedade do agricultor Robson Weber, em Paranatinga, a chuva não dá trégua e prejudica o desempenho das plantas e a colheita de soja. Até agora, apenas 55% dos 1.350 hectares foram colhidos, ritmo bem lento em relação à safra passada, que nesta mesma época estava quase finalizada.
Além das preocupações normais, o agricultor também teme o avanço de casos de Covid-19 na região. Com um funcionário contaminado, o desafio agora é impedir a disseminação da doença. “Evitar trazer a covid para dentro da fazenda hoje está sendo uma das grandes dificuldades, porque a Covi-19 não tem cara. O motorista vem de fora ou vem trazer uma nota, ou muitas vezes vem o fornecedor e você evita o contato, por mais que você esteja usando a máscara, por mais que você use o álcool, muitas vezes você acaba esquecendo porque é um costume você dar um aperto de mão. Isso dificulta um pouco, mas temos que aprender a conviver com isso, com esses novos costumes”, disse o agricultor.
No escoamento da safra, atividade que oferece maior risco de disseminação, as exigências começaram a entrar em prática. “Máscara, álcool em gel e distanciamento. Todo cuidado é pouco, muita gente não leva a sério, mas o negócio é sério”, explicou o caminhoneiro Cleberson Silva.
A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) também reforça os cuidados que devem ser tomados, como explica o vice-presidente da entidade, Lucas Costa Beber. “É usar uma máscara quando está em um ambiente fechado junto com o colega, passar um álcool em gel quando vai pegar em um volante de um trator quando duas pessoas ou mais operam, cuidar de si e saber quando não está normal ir para o médico, conscientizar também as pessoas de fora sejam fornecedores, vendedores, parceiros comerciais que circulam dentro das propriedades para se conterem nesse momento. Acho que dá para fazer muita coisa por telefone, evitar ter o contato para não trazer essa doença para dentro da propriedade”, disse.
De acordo com a Secretaria de Saúde de Mato Grosso, foram confirmados no estado 289.823 casos da Covid-19 e 6.938 óbitos em decorrência do coronavírus. A taxa de ocupação é de 98,8% para as UTIs de adulto,com uma fila de espera por leito de 189 pacientes.
“Eu pessoalmente vivi na pele. Moro na fazenda, meu pai mora na fazenda e meu pai constatou que estava com Covid. Foi um sofrimento muito grande não só para ele, mas como também para nós da família naquele momento, quando começou piorar tentou conseguir vaga em outros hospitais que tinham mais recursos e não estava conseguindo, mas uma semana depois ele acabou sendo intubado e, graças a Deus, Deus deu uma nova chance e hoje ele está de volta. Mas, infelizmente, a gente sabe que pessoas com nenhuma comorbidade, mais jovens que ele, tiveram suas vidas colhidas de maneira inexplicável por conta desse vírus. Por isso, não devemos ser extremos demais e deixar tudo solto do jeito que a gente fazia e também não restringir demais. É o momento de ter a consciência de cada um principalmente de respeitar o próximo e tomar os devidos cuidados para que não haja contaminação”, concluiu Beber.