A forte incidência da mosca-branca, principalmente nas lavouras do Centro-Oeste e Norte do país nos últimos anos, reforçou a necessidade do controle biológico de pragas e doenças no Brasil. Diante disso, o setor está cada vez mais unido na tentativa de convencer o produtor sobre a eficácia dos produtos no controle de pragas e doenças.
“O biodefensivo já é considerado uma ferramenta necessária para o manejo de algumas pragas, incluindo a mosca-branca, que é muito resistente. O uso indiscriminado de produtos químicos para o controle dessa e outras pragas está causando surtos incontroláveis no Norte e Nordeste do Brasil. O biológico, no entanto, vem trazendo ótimos resultados”, afirmou o diretor industrial da Koppert Brasil, Danilo Pedrazzoli.
A empresa é uma multinacional holandesa que trabalha para convencer o agricultor de que os biodefensivos podem ser uma opção sustentável e eficaz. “O controle biológico já não é mais discutido como uma possibilidade, mas já é uma realidade para o produtor brasileiro”, disse Pedrazzoli.
Os biodefensivos representam apenas 2% dos produtos de proteção de cultivos usados nas lavouras brasileiras, mas essa realidade tem tudo para mudar nos próximos cinco anos. O Brasil já é tido como alvo deste mercado, que está unido para ganhar cada vez mais espaço em uma das maiores áreas agrícola do mundo. “O Brasil é um mercado crescente, que está aberto para exploração. É um mercado que dá potencial de crescimento pra qualquer empresa que queira investir aqui”, afirmou o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABCBio), Pedro Farias Júnior, que vê a cultura da soja como a mais promissora para o mercado.
“Você ainda tem um potencial de crescimento enorme na soja, que representa quase metade da área plantada com grãos no Brasil; são 33 milhões de hectares de área plantada e hoje seria possível controlá-los biologicamente”, disse.
Para o pesquisador Flávio Medeiros, da Universidade de Lavras (MG), apesar da pequena participação do Brasil no mercado que movimenta US$ 3 bilhões por ano no mundo, o investimento das empresas na qualidade do controle biológico tende a convencer diferentes cadeias, principalmente a nova geração de agricultores do país. “Essa nova geração está ávida por produtos de novas tecnologias, sempre pensando em aumento de teto produtivo. A gente já tem multinacionais que adotaram o Brasil como celeiro de pesquisa, o que mudou muito o paradigma. A gente tem a maior biodiversidade do mundo, e os micro-organismos são a base dos produtos biológicos e nada mais justo que termos essa pesquisa fomentada no Brasil”, assegurou Medeiros.
Além da mudança cultural do agricultor brasileiro no controle de pragas e doenças, a conferência internacional no interior paulista discutiu também os entraves regulatórios dos biodefensivos. Trâmites que, para os órgãos responsáveis pelos registros de novos produtos, ganharam agilidade nos últimos meses.
“No ano passado, nós tivemos em torno de 20 produtos biológicos registrados. Neste ano, teremos mais, pois há um número maior de produtos sendo finalizados, além dos produtos fitossanitários para uso na agricultura orgânica. São avaliações seguindo protocolos internacionais e que nos permitem adotar e estabelecer limites com níveis de segurança para que o consumidor não tenha problemas em relação ao uso desses produtos”, disse o coordenador-geral de agroquímicos do Ministério da Agricultura, Júlio Sergio de Britto.