A presença de cavalos dóceis e habilidosos é fundamental, principalmente na pecuária extensiva e semi-extensiva. Importantes rebanhos brasileiros, como os do Sudeste e Centro-Oeste, registram crescimento significativo no número de cavalos crioulos, uma raça que se aprimorou nos últimos 20 anos e demonstra um potencial de mercado elevado.
Criador da raça há sete anos, o advogado Jesus Cones Júnior resgatou uma antiga paixão dos antepassados. Em sua propriedade em Campinas, ele mantém sete éguas que, além da reprodução, participam de competições esportivas.
“Todos os frutos delas são vendidos para criadores de gado. Eles querem um cavalo forte, que parte pra cima do boi e o cavalo crioulo de hoje é um cavalo versátil. Ele não é um cavalo crioulo como no passado, é um cavalo de tração, bruto e forte”, disse Jesus.
Dócil, o cavalo crioulo se aprimorou nos últimos anos e está mais funcional, rápido e preparado para competições e demandas diárias que exigem força e muita inteligência do animal. “O cavalo foi forjado, selecionado por muito tempo para o trabalho de campo e isso fez com que nosso cavalo chegasse a um ponto de temperamento e de trabalho com gado que a gente está vendo agora”, analisou o jurado Felipe Caccia Maciel.
Procura elevada
O aprimoramento da raça, tanto no esporte, quanto nas atividades no campo, fez crescer em mais de 50% a procura pelo crioulo, principalmente nas regiões Sudeste é Centro-Oeste do país. Segundo a Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), só em São Paulo o número de animais cresceu quase 10% entre 2014 e 2015.
“O cavalo está sedimentado no sul e nós sabemos que tem um mercado muito grande. Nós estamos trazendo crioulo pra o Sudeste, Centro-Oeste e esse trabalho já vem sendo feito há uns quatro, cinco anos. Estamos intensificando provas em São Paulo, Minas, Mato Grosso”, disse Onécio Prada Júnior, vice-presidente de comunicação e marketing da ABCCC.
Na etapa do Freio de Ouro realizada no último domingo em Itu, no interior de São Paulo, mais de 100 animais participaram das provas que selecionaram oito exemplares para a grande final, que acontece em agosto, em Esteio (RS).
Presente na competição, Renato Alves levou o sobrinho Artur, de cinco anos, para conhecer os animais mais de perto. Além disso, ele pretende comprar um cavalo manso para poder andar em sua propriedade. “Queremos um cavalo que sirva para usar no laço e na lida e que, nas horas vagas, possa ser usado pelo Artur para passear” disse.
Para o criador Kiko Almeida Prado, a participação das crianças nesse tipo de competição é fundamental para manter a paixão pela montaria viva e passada de geração em geração. “É a criança que motiva os pais, principalmente nas provas mais emocionantes. Isso cria até um grande comércio entre o animal que vai servir para o menino mais novo. Hoje, a indústria do cavalo movimenta mais que a indústria automobilística”, disse.