O interesse de líderes e executivos por oportunidades de trabalho no agronegócio cresce a cada ano, mostrou uma pesquisa da consultoria de recursos humanos Flow Executive Finders. O sucesso do setor na frágil economia brasileira tem atraído cada vez mais profissionais, indo além de cargos operacionais e técnicos, chegando a posições de chefia e liderança.
“Com a economia em crise, o agronegócio continua crescendo. Você tem uma evidência muito alta. Profissionais que não procuravam e que não queriam trabalhar na área, hoje consideram e procuram”, afirma o Igor Schultz, sócio da empresa.
Mas nem sempre migrar de outras áreas para o agronegócio é tarefa fácil, revela a pesquisa, que foi realizada com gestores na área de recursos humanos. 37% dos entrevistados afirmam que há resistência das empresas em contratar profissionais de outros setores.
“Dependendo da área, a pessoa precisa vir do agro, mas nem sempre é necessário. Eu mesma não vim do agronegócio, e nós temos outros exemplos. Porém, tem áreas, como a área comercial, que é importante que eles conheçam e dominem, para negociar com um grande produtor. Aí a experiência é um ponto importante”, destaca a gerente de recursos humanos da Cargill, Neusa Duarte.
Outro dado da pesquisa aponta que 63% dos participantes acreditam que as empresas do setor oferecem remuneração competitiva com as demais áreas do mercado de trabalho. Se por um lado as empresas do setor oferecem boa remuneração e estabilidade, por outro, a rotina de trabalho, que inclui muitas viagens, acaba afastando alguns profissionais. 73% afirmam que fatores como mobilidade e dispersão geográfica levam os candidatos a recursas a proposta de emprego.
As grandes empresas de agronegócio do país estão concentradas em escritórios em São Paulo ou em outras grandes cidades do país. Mas nem sempre é assim. Há situações que, para conseguir um alto cargo nessas companhias, é preciso abandonar a vida na cidade grande e encarar o interior.
“Ele [profissional] tem que ter muita flexibilidade, porque esta carreira de agronegócio passa por diferentes áreas e por localidades diferentes também. Tem que estar flexível para aprender novas coisas, participar de novas áreas dentro da organização, como também esta questão de distância. Ele pode estar em Cuiabá, Rondonópolis, Londrina, São Paulo, Ourinhos…”, lembra Schultz.
“É um meio-termo entre a Avenida Paulista e a BR-163. Tem que saber andar na BR-163 e tem que saber andar em São Paulo e falar com um banqueiro”, ressalta o consultor em recursos humanos Jeffrey Abrahams.
A estabilidade é o ponto positivo no mercado de trabalho do agronegócio. Mais da metade dos entrevistados permanecem cerca de seis anos na empresa. Para ter sucesso, as principais características procuradas são: inteligência emocional, facilidade de relacionamento e resiliência.