Um levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) aponta que há uma redução de 7,4% na aplicação de recursos do Plano Safra vigente, para custeio e comercialização, em comparação com o mesmo período do ano passado. Para o assessor técnico da CNA Alexandre Bernardes, a explicação pode estar na alta do dólar, que já aumentou em cerca de 8% a 10% os custos de produção. A situação deixaria os bancos mais inseguros e rigorosos na análise de documentos dos clientes, o que reflete na demora da liberação de recursos.
– Isso já prejudica a rentabilidade pra próxima safra e o agente já começa a repensar a sua capacidade de empréstimos ao setor produtivo, mas isso vai passar. Na realidade, os recursos estão aí, são recursos oficiais e têm que ser aplicados. Nós temos trabalhado em cima pra que esses agentes possam analisar esses limites de crédito de maneira rápida e que esse dinheiro chegue à ponta, que chegue ao campo – garante Bernardes.
A explicação dada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) está na redução de depósitos à vista de clientes em conta corrente, que seria a maior fonte de recursos dos repasses do Plano Safra. Segundo a entidade, a legislação obriga as instituições financeiras a destinar 34% da média diária desses depósitos para o crédito rural. Mas, com a crise econômica no país, o usuário tem tirado dinheiro da conta corrente e feito aplicações financeiras, como na poupança ou, até mesmo, para o pagamento de contas.
Para o diretor da Febraban, Ademiro Vian, o sistema vigente, que completa 50 anos em 2015, não atende a dinâmica do mercado financeiro atual. A saída seria usar recursos de novas fontes de financiamento do agronegócio, como o CDCA e o CRA.
– O depósito à vista, ao longo desses anos, demonstrou que ele foi muito importante, mas hoje ele não consegue mais atender minimamente às necessidades do setor. Tem que mudar, precisa mudar, e o momento acho que é agora, porque esse modelo não se sustenta mais pra frente – afirma Vian.