Crise do leite tirou 8 mil produtores gaúchos da atividade entre 2014 e 2015

Quem conseguiu sobreviver aos anos ruins, agora comemora o aumento do preço do litro do leite 

Fonte: Renata Sirtoli/Canal Rural

Após preços muito baixos e fraudes apuradas por meio de Operações do Ministério Público, mais de 8 mil produtores de leite largaram a atividade entre 2014 e 2015 no Rio Grande do Sul. Agora, quem conseguiu sobreviver está mais animado e recebendo mais pelo litro.

O pecuarista Sérgio Käfer está na atividade leiteira há 30 anos ao lado da esposa. Hoje, eles têm um plantel de 25 vacas em lactação no interior de Estrela, cidade com a 8ª maior produção de leite do país, segundo o IBGE.  Para ele, a tecnologia ajudou a família a passar por essa crise ao longo dos últimos meses.  Segundo ele, se não fosse o investimento, a família poderia ter abandonado o negócio.

Sérgio relembra o impacto causado pelas 11 fases da Operação Leite Compen$ado, da Polícia Federal. “Ficamos 51 dias sem receber. Nós compramos toda a ração, combustível, luz, mas não tinha como pagar. Até financiamento eu fiz para não ficar no negativo, mas o preço na época era muito baixo”, disse.

No primeiro semestre de 2016 a situação ainda foi complicada com a desvalorização do produto e boa oferta, mas agora as coisas mudaram. “Muita gente parou de produzir leite, principalmente o pequeno produtor. Agora, o preço compensa por causa da lei de oferta e procura”, completou Käfer.

De acordo com um levantamento da Secretaria do Rio Grande do Sul, a percepção do produtor está correta e o número de propriedades que trabalham com rebanho caiu 14% de 2014 para 2015. No mesmo período, o rebanho também diminuiu em cerca de 8%.

Negócio familiar

Para não encerrar a atividade, a busca de quem depende da mão de obra familiar é para manter todos no campo. O filho de Sérgio, Amadeu Käfer, não quis continuar na propriedade, mas não abandonou o setor e ganha a vida instalando sistemas de ordenha para uma grande empresa.

“A gente pensa em abrir uma empresa própria em um futuro distante e, quem sabe, poder andar com as próprias pernas. Foi uma época difícil aqui, então eu procurei uma alternativa na cidade. Era uma coisa já que eu já estava acostumado e me adaptei bem”, disse Amadeu Käfer.

Apesar de o filho deixar o interior, a esposa de Sérgio, Luciana Käfer, garante que a família não pensa em largar a atividade. “Eu sempre morei aqui, sempre foi minha atividade. Até tentei na cidade, mas não me adaptei e preferi voltar. Gosto do que faço e acho isso muito importante”, finalizou.