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Cultivo familiar de fumo está ameaçado

Nova geração demonstra falta de interesse na atividade dos pais 

Fonte: Bruna Essig / Canal Rural

O cultivo do fumo se mantém por gerações, com os atuais produtores herdando dos avós a lida no campo, fazendo questão de continuar na atividade. A manutenção desta tendência no futuro, porém, é incerta.

O casal Clair e Lúcia Dudczik cresceu vendo os pais nas lavouras de fumo. O filho, Clailson, de 14 anos, diz que pretende continuar o caminho dos pais. Ele ainda não pode trabalhar no fumo, pois a Constituição brasileira proíbe a atividade de menores nesta cultura.

– Por enquanto meus pais tão trabalhando, batalhando. Daqui a uns anos, isso aqui vai ficar para mim, e daí eu posso ter meu ganho a mais do que eles tão fazendo.  – diz o garoto.

Histórias assim são cada vez mais raras. O abandono do campo cresce. Por isso muitos cultivos saem da tradição das famílias. Falta de interesse, de investimento e modernização da lavoura também podem comprometer a sucessão.

Para o presidente da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado de Santa Catarina (FETAESC), José Walter Dresch, é justamente a impossibilidade de os jovens poderem trabalhar na terra que ameaça o processo sucessório. Um decreto de 2008 proíbe que menores de dezoito anos trabalhem no fumo, afirmando que o beneficiamento da planta pode gerar intoxicações, fadigas e até apagamento das digitais.

– Nos já temos mais de 30 mil famílias em Santa Catarina com a sucessão ameaçada. E ninguém gosta daquilo que não conhece. A legislação esta tirando a oportunidade de alguém aprender, de alguém conhecer, de alguém frequentar a escola, mas também ajudar na atividade agrícola e ser o agricultor do futuro com conhecimento – diz.

Gestão

Além do gosto pela atividade, manter o sucesso da lavoura depende muito também da gestão. Orientação sobre que fazer e como fazer é fundamental, principalmente para os pequenos produtores.

No caso da família Dudczik, é Lúcia quem toma nota de tudo, cuidando da contabilidade. A renda mensal gira em torno de R$ 9 mil por mês e o fumo representa 40% deste valor. Receitas e despesas são devidamente registradas, fazendo parte do Plesagre – planejamento econômico, social e ambiental agrícola –, sistema implantado por entidades representativas e indústrias de tabaco em pequenas propriedades. 

– Essa atividade metodológica prevê que todos os membros da família estejam presentes para que eles possam pensar na renda que eles vão querer, e também quais atividades vão desenvolver, e quem fará essas atividades. Se otimiza os fatores de produção, ou seja, terra, mão de obra, e o dinheiro disponível, para maximizar os resultados. Logo de imediato, a família rural vai estar percebendo qual a renda que vai obter e, enfim, quais os custos que terão essas atividades que ora deseja implantar – diz o assessor de planejamento da FETAESC Irineu Berezanski. 

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