Pensando em tornar a atividade mais sustentável, um produtor de arroz do Rio Grande do Sul acabou tendo mais lucro na lavoura. Na nossa segunda reportagem da série especial sobre o arroz brasileiro, você vai conhecer os resultados de quem preserva e colhe mais.
O produtor Geraldo Azevedo cultiva arroz em 2.400 hectares. Hoje, toda a atividade é sustentável. E não somente para preservar o meio ambiente. É que o agricultor se deu conta de que estava na hora de fazer diferente.
“Nós começamos a observar que tínhamos uma lavoura com a margem de lucro muito apertada e tínhamos que mudar alguma coisa dentro do sistema. O objetivo era nos tornarmos viáveis”, conta.
Azevedo começou mudando o manejo da lavoura e reduziu o uso de um recurso precioso e caro: a água. Assim, ele nivelou o solo para a distribuição ficar uniforme e a irrigação funcionou, acelerando a ação do adubo e do defensivo.
“Talvez a água seja o bem de maior riqueza da nossa região. Então, nós vimos que temos o compromisso de utilizar a água das lagoas que aqui estão, mas retornar para ela uma água de boa qualidade”, afirma Azevedo.
Cuidar bem dos recursos naturais, que estão cada vez mais escassos, é uma preocupação do produtor. Azevedo respeita as áreas de preservação permanente e mantém distância recomendada de mananciais hídricos. Toda a dedicação ajuda nos resultados da lavoura.
“Isso é uma questão da gestão do negócio. No momento em que começa a ficar maior, você começa a ter riscos. E hoje o risco de não ter as licenças ambientais é iminente”, diz.
Segundo o Instituto Rio-Grandense do Arroz, no Brasil, o grão é a única das culturas que tem licenciamento ambiental. Para incentivar o agricultor a estar de acordo com a lei, o Irga oferece uma certificação que pode trazer vantagens aos produtores.
“A legislação ambiental vem para todas as culturas, mas iniciou pelas que usam água ou dependentes de irrigação. E o arroz foi o que iniciou, é um processo, um processo que agregou valores. E isso é importante porque é uma imagem que o produtor vende de transparência e que tem muitos produtores que estão adequados para receber. No futuro a gente quer que isso também possa trazer alguma agregação no valor do alimento final”, afirma o diretor técnico do Irga, Maurício Fischer.
Fazendo tudo certo e sempre de forma sustentável, Geraldo Azevedo alcançou bons resultados. Reduziu em 15% o custo de produção e atingiu produtividade de 159 sacas de arroz por hectare, 9 a mais do que a média do Rio Grande do Sul.
“Nós conseguimos uma economia de água em relação às lavouras de outra parte do estado em torno de 16%. Nós contribuímos com 13% menos de CO2 para a camada de ozônio, somos eficientes, nós temos um menor consumo de diesel”, aponta Azevedo.
Os resultados das práticas adotadas pelo orizicultor foram registradas num estudo que acompanhou toda a sua produção de arroz. E o que se viu é que o produtor ganhou, mas o meio ambiente também.
“Vale destacar também o aumento da produtividade, 6% maior em relação à média do estado e também utilizamos 7% menos terras para cultivar. É um produtor que consegue tirar mais arroz por hectare do que a média do estado”, analisa o engenheiro ambiental da Fundação Espaço Eco, Daniel Falchetti.
O estudo inédito comparou informações da propriedade de Geraldo Azevedo com a média do estado nas safras 2004/05 e 2012/13. “Para cultura de arroz, foi o primeiro estudo realizado no Brasil e no mundo. É uma referência mundial, um estudo que pega os impactos ambientais desde o berço, que a gente chama até a saca do arroz produzido”, conta Falchetti.
E hoje Geraldo tem ainda mais motivos para se orgulhar do que é feito em sua propriedade. É que o mundo todo já pode conhecer a forma de produção do agricultor. A propriedade foi considerada referência para a Organização das Nações Unidas, que destacou o estudo em uma cartilha sobre segurança alimentar.
“Os agricultores que porventura precisem de mais informações ou quiserem se espelhar no exemplo de Azevedo podem consultar essa cartilha e adotar as boas práticas que estão sendo adotadas na fazenda”, completa.
Você encontra a cartilha no site: pactoglobal.org.br em publicações Rede Brasil. E, se você se interessou pelas práticas adotadas pelo Geraldo Azevedo, pode encontrar mais informações em: espacoeco.org.br.