O custo de produção de aves caiu motivado pela redução no preço do milho, mas essa queda não muda o cenário de prejuízo da avicultura brasileira. E para piorar, a tendência de alta nas cotações dos grãos continua para o ano que vem e a solução encontrada para o criador é a de reduzir as despesas e apostar no crescimento da demanda.
Uma empresa responsável por um aviário com seis milhões de aves alojadas em Tietê, no interior de São Paulo, tenta equilibrar os gastos para conseguir criar, engordar e abater um volume elevado de aves. “A demanda esse ano ela foi um pouco menor do que foi o ano passado e, desde o começo de 2016 a empresa vem trabalhando no vermelho, mesmo onde a gente tem uma situação de custo, ela realmente traz uma preocupação”, disse o médico veterinário Marcelo Pequini.
De janeiro a agosto deste ano a empresa calcula que os custos do aviário dispararam 20% na comparação com os oito primeiros meses de 2015. No mês passado, no entanto, a Embrapa indicou que a queda do preço do milho motivou uma baixa 3,5% nos custos de produção de aves e suínos na comparação com agosto.
“Essa queda na matéria prima que nós tivemos nesse último mês fez a gente melhorar na questão de administração, mas não vai mudar o cenário, as estratégias. O que a gente perdeu de janeiro a agosto vai ser difícil recuperar esse ano e nós vamos ter que trabalhar muito no ano que vem pra recuperar esses meses ruins que nós tivemos, nós e toda cadeia avícola está passando por uma situação complicada”, falou Marcelo.
Para driblar os altos custos de produção e a demanda retraída, a saída encontrada por muitos aviários do país foi investir em eficiência produtiva. Além de atenção redobrada ao mercado, foi preciso controle de iluminação e alimentação dos animais para produzir mais com muito menos.
O analista Osler Desouzart, que acompanha esse mercado há mais de 40 anos, relembra que o investimento em eficiência precisa ser constante, até porque o produtor brasileiro não deve espera por redução no preço do milho nos próximos meses. “A China está importando e a Ásia, como um todo, vai importar muito mais. Vai aumentar o uso tremendamente e o que vai acontecer tem poucos lugares aonde pode se produzir milho pra atender essa demanda, Brasil é um deles, e não adianta protestar contra exportação que ela vai continuar existindo. O milho vai continuar firme e soja está firmando os preços quase que em bases diárias”, disse.
A boa notícia para o avicultor é que as recentes mudanças econômicas no país já deram sinais de estímulo à demanda no mercado nacional. “A demanda do frango está começando a ficar mais firme e nós estamos tendo uma série de pequenos sinais de recuperação desta economia. Vai dar uma firmeza, mas não saiam correndo para aumentar a produção. Aproveitem para repor um pouco o caixa”, disse o analista.