Custo de produção da soja chega a 44 sacas por hectare em MT

O clima incerto gera dúvidas na cabeça do produtor na hora de vender a produção antecipadamente

Com o preço elevado da soja nos últimos tempos, tem muito produtor negociando a próxima safra, mas especialistas alertam para os riscos deste tipo de negociação. Em Mato Grosso, por exemplo, além do clima incerto, o custo de produção deve chegar a 44 sacas por hectare.

O custo de produção 7% mais elevado e as perdas causadas pelo clima desfavorável na safra passada trouxeram dúvidas e cautela aos produtores do estado na hora de definirem o futuro da safra de soja 2016/17. Certeza de bom negócio mesmo e bem aquecido somente no mercado físico, que tem ofertas tentadoras para quem tem o grão disponível da safra passada.

As estimativas para a safra de soja 16/17 já estão quase todas prontas. Segundo o Instituto Matogrossense de economia Agropecuária, a área deve crescer mais de 16% e a produção deve ultrapassar os 29 milhões de toneladas, uma alta de mais de 24%. A única preocupação, por enquanto, é o clima.

“A gente sempre falava que na nossa região tinha o clima como um fator bem favorável para nós (…). Agora, nesse último ano, as perdas que tivemos por falta de chuva nessa região nunca tinha acontecido, então o produtor ‘tira o pé’ e, acredito, que por isso não esteja fechando tanto o mercado futuro em função desse medo”, analisou o presidente do Sindicato Rural de Sorriso, Laércio Pedro Lens.

Em Sorriso, a comercialização antecipada chegou aos 40%, pouca coisa a mais que o mesmo período do ano passado. “Aquela pessoa que já conseguiu fechar o seu adubo, a sua semente e o seu defensivo já está fazendo uma venda futura de soja para casar a moeda e para ter uma certa segurança na questão de custo de produção”, completou Laércio.

Para ele, o produtor deve evitar ao máximo negociar em duas moedas diferentes, para não correr o risco de ter um prejuízo ou lucro menor. “Não podemos de forma alguma descasar a moeda. Se você fechou os seus insumos em dólar, fecha dólar e se fechou em reais, fecha em reais para você ter um custo de produção, baseado em grãos, porque aí você já vai ter um preço de custo fixado já em grãos e já fica sabendo o que está devendo para a próxima safra.”

A orientação do sindicato é seguida pelo produtor Rodrigo Pozzobom, que já adquiriu praticamente 80% de todo o insumo que vai ser usado na próxima safra. Ele comprou tudo em dólar e já está comercializando a produção na mesma moeda. “A vantagem é que a gente tem um custo já fixado e a gente sabe o que vai gastar na safra. Então, a gente facilita a comercialização e consegue trabalhar a nossa margem de lucro”, disse.