A demanda por produtos agrícolas do Brasil deve continuar aquecida mesmo com a desvalorização da moeda chinesa. As sucessivas quedas do yuan preocupou o agronegócio brasileiro. Isso porque a China ocupa a maior fatia das exportações brasileiras. Nos primeiros sete meses de 2015, os asiáticos foram responsáveis por 28% do valor que o Brasil arrecadou com vendas para o exterior.
O motivo da redução de valor do yuan é uma tentativa de fazer com que o Fundo Monetário Internacional (FMI) inclua o papel chinês entre as moedas internacionais de reserva. Esse cenário, a longo prazo, poderia estimular a competitividade dos produtos chineses no mercado externo. Para o economista da GV Agro Felippe Serigatti, a preocupação é compreensível, mas não procede.
– Os fundamentos para as commodities agrícolas estão preservados. Não vai crescer na mesma velocidade que antes, mas está lá [consolidado]. O chinês não vai parar de comer, de demandar alimentos, o que tem forçado a acomodação das commodities agrícolas é o lado financeiro, a valorização do dólar – explica.
Na avaliação do diretor de Relações Internacionais da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Thomaz Zanotto, a realidade da economia chinesa marca um período de estabilização do crescimento.
– A Ásia tende a se firmar como maior polo consumidor de commodities agrícolas do mundo, porque eles são praticamente metade da população mundial, eles estão aumentando o consumo de todas as commodities, inclusive as proteínas dos três tipos. É um mercado importantíssimo para o agronegócio brasileiro, não só de grãos, mas também de proteínas – ressalta Zanotto.
Demanda chinesa pode aumentar
O setor da soja segue otimista. Além de acreditar que a demanda chinesa pelos produtos agrícolas do país vai continuar aquecida, a avaliação é de que a reforma do sistema cambial da China caminha para ser positiva para o agronegócio brasileiro.
– Eu acho que em um médio prazo essa medida vai ser favorável para o Brasil, porque vai ajudar a China a manter seu nível de crescimento e de emprego. E é isso que define a demanda de carne, o que é o que a soja é transformada. Isso tudo vai manter a demanda. Em médio prazo vai ser até melhor – comenta o secretário-geral da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
Estoques mundiais podem prejudicar
Mesmo com a projeção de um cenário estável nas exportações de commodities agrícolas para a China, a agroindústria brasileira deve seguir tensa no segundo sementes. O nervosismo é atribuído aos altos estoques mundiais de alguns produtos, consequência da baixa dos preços internacionais.
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