Com a expectativa de uma safra cheia, o preço da saca de arroz deve ficar mais atrativo para o produtor, até porque os estoques das indústrias estão muito baixos. A expectativa é de que a saca chegue a R$ 45.
O Brasil plantou menos arroz nesta temporada. Estados como Mato Grosso, Maranhão e Piauí reduziram a área. Mesmo com a ajuda do clima, a produção do país deve ser menor que o consumo anual, que é de 12 milhões de toneladas. Boa notícia para o Rio Grande do Sul, maior produtor nacional. O estado deve ganhar mais mercado em outras partes do país.
“Nós vamos superar talvez os 70% da demanda. Isso dará também maior expectativa de estabilidade de preços ao orizicultor, visto que estaremos produzindo menos do que estará sendo consumido”, diz Henrique Dornelles, presidente da Federarroz (Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul).
“Hoje, o Brasil depende de que o Rio Grande do Sul plante arroz e continue plantando e produzindo arroz de alta qualidade. Nós estamos trabalhando muito forte em cima disso, para que consigamos aumentar o consumo interno baseado simplesmente nisso: consuma saúde, consuma arroz”, diz o presidente do Irga (Instituto Rio-Grandense do Arroz).
Além da produção abaixo do consumo, o Brasil está com o menor estoque de arroz dos últimos dez anos. Por isso, a expectativa é que o país recorra também ao mercado internacional. O analista de mercado Élcio Bento afirma que, de novo, o Brasil vai importar mais e exportar menos.
“A gente precisa comprar pelo menos 500 mil toneladas a mais do que exportar no mercado internacional para recompor os estoques, que neste ano devem ficar em torno de 500 mil toneladas. Um estoque normal no Brasil seria de 1,2 milhão de estoques. E nós estamos com menos da metade disso”, diz ele.
O setor está em alerta. Tudo por causa do valor da saca na colheita. Neste período, a cultura é a que mais sofre pressão de baixa. Diante disso, a orientação é que o produtor espere e venda boa parte do produto na entressafra, quando acontece a valorização. O problema é que muitos estão endividados e por isso querem escoar a produção o quanto antes. Frente a esse cenário, a expectativa é que o governo precise intervir.
“A intervenção que a gente vê clara para o governo neste ano seria através dos empréstimos do governo federal, o EGF. Ele dá um fôlego financeiro para o produtor no período da colheita, e esse fôlego financeiro possibilita que o produtor não tenha necessidade de vender no período de maior pressão de oferta”, analisa Bento.