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PF desmonta operação com máquinas superfaturadas

Produtos eram vendidos a uma estatal venezuelana, justificando parte do dinheiro como comissão

Fonte: Pixabay/Divulgação

A Polícia Federal e a Receita Federal deflagraram uma operação contra lavagem de dinheiro na compra de máquinas agrícolas. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em quatro cidades do Rio Grande do Sul e duas de São Paulo.

Batizada de Conexão Venezuela, a investigação começou em 2011, após uma auditoria da Receita Federal em uma trading que comprava máquinas agrícolas no Brasil e exportava para uma empresa estatal da Venezuela. 

O delegado de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros da Polícia Federal no RS, Alexandre Isbarrola, é um dos responsáveis pelo caso e explica que a trading determinava um valor maior do que a máquina realmente custava. E parte desse dinheiro era justificada como pagamento de comissão. Esse montante era distribuído entre os investigados por meio de empresas de fachada.

“Essa trading intermediava a exportação e fazia toda a documentação e a parte de exportação do maquinário”, conta Isbarrola.

O superintendente regional da Receita Federal no Rio Grande do Sul, Paulo Renato Silva da Paz, afirma que está muito evidente a lavagem de dinheiro. “Ninguém paga comissões de 30% nessa área de atividade com uma margem de lucratividade tão pequena, em uma área que se conhece e se tem tradição em exportar”, diz.

Até o momento, as operações superfaturadas ficam em torno de R$ 256 milhões, aproximadamente R$ 100 milhões se referem à comissão.

“Utilizaram-se de brechas aqui e no exterior pra conseguir ingressar no país com dinheiro aparentemente lícito e lavar no Brasil o dinheiro de origem Venezuelana”, explica Juliano Karam, do Núcleo Criminal Especializado da Procuradoria da República do RS.

A Polícia Federal diz que ainda é cedo para afirmar que as fabricantes de máquinas agrícolas sabiam desse superfaturamento, até porque era a trading que fazia o intermédio entre a estatal venezuelana e as indústrias. A polícia cogita, inclusive, a possibilidade de uma exportação fictícia, que nem passou pelo conhecimento das fabricantes.

“A partir de agora, nós vamos verificar quais as operações que foram efetivamente realizadas e se há envolvimento de outras pessoas ou não”, esclarece Isbarrola.

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