O Rural Notícias exibe nesta terça-feira, dia 13 e Dia Nacional da Cachaça, a primeira reportagem da série especial sobre a bebida brasileira que já foi motivo de revolta, viveu momentos de marginalidade, mas que tem tudo para conquistar de vez apreciadores pelo mundo.
Trazida pelos colonizadores portugueses, a cana-de-açúcar se adaptou bem aos solos brasileiros e, com o desenvolvimento da planta a todo vapor, o interesse pela produção de açúcar revelou a bebida que se transformaria em símbolo do talento brasileiro para a produção artesanal.
Segundo Felipe Jannuzzo, fundador do Mapa da Cachaça – projeto de mapeamento cultural sobre a bebida-, existem duas versões para o surgimento do destilado. “Uma delas diz que ela teria surgido em 1516, no Nordeste, em Tamaracá (PE) e outra diz que ela teria surgido no litoral aqui de São Paulo, em São Vicente, entre 1530 e 1540. A mais aceita hoje em dia é essa de 1516, o que nos faz comemorar os 500 anos da cachaça em 2016”, disse.
Evolução
Ao longo desses cinco séculos, o primeiro destilado produzido nas Américas passou por diversos processos. Em seu início, ela concorreu com a bagaceira, destilado de vinho português, e chegou a desencadear uma revolta pela proibição da produção e venda em 1649, mas também ganhou defensores importantes que mudaram pra sempre o futuro da especiaria.
A história comercial da cachaça tomou outro rumo na Semana de Arte Moderna de São Paulo, em 1922, quando gênios das artes passaram a exaltar a bebida como um importante ícone de brasilidade. A partir de então a bebida ficou ainda mais presente nas rodas boêmias, o que estimulou a produção em larga escala em diferentes regiões do país.
“Os modernistas trouxeram a cachaça como sendo o marco, tanto que a caipirinha e a feijoada foram o grande marco da semana de arte moderna. Então, a gastronomia brasileira começou a mostrar para o mundo que a gente tinha um produto tão bom quanto destilado de outros países”, avaliou o gerente químico e especialista em cachaça Roberto Tadeu Esposti, da Indústria de Bebidas Pirassununga.
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Com o passar do tempo, a produção não ficou só nos alambiques caseiros e a bebida acabou despertando o interesse de visionários de diferentes lugares do país, que transformaram regiões em verdadeiros polos de cachaça, como foi o caso de Pirassunga, no interior de São Paulo. Em uma das fábricas da cidade, fundada em 1921, dois irmãos começaram revendendo a cachaça de pequenos produtores.
Atualmente, a empresa acumula 12 rótulos e uma produção de 2,5 milhões de litros por mês. A destilação é feita em torres ou alambiques, por fornecedores de diferentes regiões do país. Com a ajuda da tecnologia, toda cachaça que chega à empresa passa por análise apurada e padronização.
Consumidores
A preocupação com qualidade não é só da indústria. O consumidor está mais exigente do que nunca e Felipe Jannuzzo, do Mapa da Cachaça, aproveitou o bom momento da bebida no mercado para trabalhar em uma pesquisa, ao lado de amigos, que acabou se transformando em uma referência internacional. O projeto, traduzido em quatro idiomas, foi premiado pelo Ministério da Cultura pela riqueza de informações sobre o produto tipicamente brasileiro.
“A cachaça vem passando por um processo de valorização e as pessoas estão mais interessadas em conhecer a sua história e as variedades de cachaça. Eu acho que o brasileiro está entendendo a cachaça como um produto nacional e isso é interessante, porque é uma espécie de paixão nacional. Então, existe mais curiosidade em entender sobre as madeiras, sobre estilos, as pessoas me perguntam sobre viagens pra alambiques, então eu acho que tem aumentado muito o interesse”, falou.
Confira o mapa interativo desenvolvido pelo projeto e veja onde ficam alguns dos principais alambiques produtores da bebida no Brasil:
Série especial
Não perca nesta quarta-feira, no Rural Notícias, a segunda reportagem da série especial sobre cachaça, que vai falar sobre a renovação da bebida mais tradicional do Brasil.
