O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Antônio Galvan, afirma que a recente liberação do uso de sementes de soja resistentes ao herbicida dicamba no Brasil pode prejudicar a agricultura. “Isso vai ser o fim da soja convencional, vai ser o fim da soja RR [Roundup Ready], da própria soja Intacta e de outras culturas, inclusive”, disse.
A preocupação de Galvan é quanto à volatilidade do produto, que pode ser intensificada pela temperatura. Ele afirma que, em recente viagem aos Estados Unidos, se deparou com agricultores que tiveram seus plantios afetados pela aplicação do produto em áreas vizinhas. “Nós vimos produtor passando a 24°C-25°C e dando injúria, dando muito problema em lavoura que não tem essa proteção. O que será que vai acontecer em nosso país, com temperaturas acima de 30ºC, se ele [dicamba] já vem condicionado [aplicação limitada] a até 29ºC?”, pergunta.
Sobre a recente ação ajuizada pelo Ministério Público de Mato Grosso para proibir que produtores do estado utilizem herbicidas à base de glifosato, e que coloca a Aprosoja-MT e outras entidades como polo passivo, Galvan afirma que ainda não pôde se inteirar sobre o processo. “Estamos pedindo para advogados darem uma olhada. Mas nós [entidades] somos meros representantes do produtor rural. O Ministério Público está equivocado; se ele tem alguma coisa contra o produto, ele que vá procurar a indústria e processar os órgãos oficiais do governo que aprovam”, diz.
De toda forma, o presidente da Aprosoja-MT afirma que as consequências de uma eventual proibição do glifosato seriam imensas. “Imagina você desenvolver 30-40 anos o plantio direto, que foi a grande revolução da agricultura, e perder o princípio ativo com que você consegue fazer isso tudo? Quem está fazendo isso é a própria empresa detentora, para tirar o glifosato do mercado porque ele ficou de domínio público. E se a Anvisa reavaliou recentemente [o glifosato], dizendo que está tudo bem, para que está servindo esse órgão?”.