O dólar subiu cerca de R$ 0,30 no acumulado de 2020. Além do surto de coronavírus na China, que trouxe instabilidade ao mercado financeiro global, o Brasil sofre com a saída de capital estrangeiro, o que também mexe com o câmbio.
De acordo com o comentarista Miguel Daoud, a forte alta da moeda norte-americana coloca em risco boa parte dos produtores rurais brasileiros, que são pequenos ou agricultores familiares. “Eles dependem do mercado interno, que apresenta uma remuneração baixa. Agora, estão tendo uma elevação de custo muito grande e ficam em risco”, diz.
Para onde está indo o dinheiro?
Daoud explica que investidores estrangeiros costumavam trabalhar com arbitragem de dólar no Brasil: pegavam empréstimos em países com taxas de juros entre 1% e 2% e emprestavam ao governo brasileiro, que já chegou a ter índices de 14,5%. “Com a queda da Selic, esses ganhos deixaram de existir. A taxa real está na casa de 0,8% a 0,9%, não interessa mais para esses investidores especulativos”, diz.
O comentarista destaca que esse dinheiro não é investido em infraestrutura no Brasil porque “não temos um plano e um sistema tributário”. “Se sou um investidor, como vou colocar meu dinheiro sem saber quanto pagarei de impostos?!”, diz.
O especialista defende que a economia brasileira precisa das reformas, do contrário continuaremos perdendo as reservas de dólar.