A cotação do dólar atingiu o patamar de R$ 3,50, maior nível desde 2016. A valorização em 2018 já é de 8%. Diante desse cenário, o produtor rural precisa estar atento. De um lado, a alta da moeda norte-americana pode melhorar ainda mais os preços das commodities. Por outro, a tendência é de que o câmbio forte encareça os custos de produção.
O analista de mercado Aedson Pereira, da Informa Economics, acredita que este é um bom momento para o produtor rural vender a safra e comprar insumos. Ele lembra que o fertilizante é um item que vem registrando valorização no cenário internacional. Com o comportamento atual do câmbio no Brasil, diz ele, o produto tende a ficar ainda mais caro, pesando na conta do agricultor.
“Enquanto a relação de troca ao produtor está potencialmente favorável, ele tem que aproveitar essas oportunidades para já fixar o pacote tecnológico para a safra 2018/2019″, diz.
Ele afirma que a alta do dólar está muito atrelada à política macroeconômica conduzida pelo governo dos Estados Unidos nos últimos meses. Isso se relacionaria, ainda, à possibilidade de aumento na taxa básica de juros norte-americana e no rearranjo de políticas monetárias e econômicas também na União Europeia. “Todos esses fatores juntos, associados à preocupação com os imbróglios de disputas comerciais, têm feito o dólar galgar valorização, não só no Brasil, como no cenário internacional”, diz Pereira.
De acordo com o economista da Tendências Consultoria Silvio Campos, daqui para frente, mesmo se o cenário externo se estabilizar, as eleições brasileiras devem dar maior volatilidade ao câmbio. “A situação já é preocupante, o resultado é que houve uma mudança de patamar e, com essa incerteza logo ali na frente, o risco é que as altas voltem a ocorrer”.
Nesta semana, o boletim Focus – pesquisa de mercado feita pelo Banco Central – indica a cotação do dólar para o fim do ano em R$ 3,3, mesmo valor estimado para a média da moeda americana durante 2018. Mas especialistas como Campos, da Tendências, acreditam que o dólar pode subir mais, para R$ 3,60-R$ 3,70 ou até mais, perto das eleições.
Depois desse período, o comportamento do câmbio vai depender muito das características do presidente eleito, diz o analista. “Se indicar uma continuidade de uma agenda reformista, de uma boa agenda econômica, é provável até que o dólar caia no fim do ano”, sustenta Campos.
Aedson Pereira também aposta na manutenção da alta do dólar, mas espera intervenções do Banco Central para evitar maiores disparadas das cotações.