A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia está buscando uma solução permanente para acabar com a mosca-branca. Para lutar contra a praga – que põe em risco diversas culturas e é uma das mais resistentes –, os pesquisadores estão desenvolvendo uma variedade de alface geneticamente modificada resistente ao inseto.
A mosca-branca é vetor para vários vírus e, por essa razão, está cada vez mais resistente a inseticidas, afirma o extensionista da Emater do Distrito Federal Kleiton Rodrigues Aquiles. O controle com defensivos já não tem surtido efeito em muitas propriedades, diz o pesquisador.
No ano passado, o produtor Aquibaldo Teodoro da Frota, do Distrito Federal, teve quase toda sua plantação de hortaliças afetada pela mosca. Nos 20 hectares em que cultiva mais de cinquenta variedades – como alface, brócolis e couve – a praga tomou conta de tudo durante seis meses. A mosca-branca, contudo, não afeta apenas hortaliças, mas várias outras culturas, como soja e feijão.
Pesquisa
A Embrapa optou pela alface para enfrentar a mosca-branca por causa de sua versatilidade. O trabalho consiste em modificar geneticamente a planta para que alguns de seus genes, que são vitais para a praga, não se manifestem e, assim, impeçam o desenvolvimento da praga.
O pesquisador Francisco Aragão explica que determinadas moléculas presentes na alface transgênica podem matar insetos adultos, havendo, assim, geração de menor número de ovos numa plantação.
“Nas plantas transgênicas, tem de 20 a 30 ovos (de mosca-branca), enquanto nas não transgênicas são cerca de 300 ovos por planta”, afirma Aragão.
Agora, as pesquisas da Embrapa serão feitos com o tomate, um dos mais afetados pela praga. Mesmo depois de confirmada a eficiência da técnica, já patenteada pelo órgão, a modificação genética que vai deixar as plantas resistentes à mosca-branca ainda deve demorar para chegar ao campo.
Depois dos testes, vem a análise de biossegurança, a programa de melhoramento, trabalhos de campo e só depois o procedimento é submetido à avaliação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CNTBio). Se for aprovado, o registro é a fase final. Todo o processo pode demorar atpe dez anos.
O que a Embrapa estuda é uma modificação que possa ser aplicada em todas as culturas afetadas pela mosca-branca, mesmo as de cultivo sucessivo, e que sirva para produtores de várias regiões do país.