Uma das maiores empresas de máquinas agrícolas do mundo vai investir US$ 31 milhões em uma fábrica de colhedoras de cana-de-açúcar, no interior de São Paulo. O presidente da AGCO cobrou do governo brasileiro o cumprimento das políticas agrícolas para o setor e criticou a burocracia para a liberação de financiamento em um momento de queda nas vendas, mas também mostrou otimismo para a recuperação do cenário a partir do fim de 2016.
O cenário de queda nas vendas de máquinas e equipamentos em 2015 fica mais visível quando se leva em conta o cenário do mercado. Na América do Norte e na Europa, a retração é de 10%, na América do Sul, 20%. De janeiro a julho deste ano, as vendas de tratores na América do Sul, com o destaque do Brasil como o principal mercado, caíram de 41 mil para 32 mil unidades. No caso das colheitadeiras, a queda é de 30% comparado ao mesmo período de 2014.
A queda nas vendas já era esperada pelo setor. Mas o CEO mundial da AGCO critica o aumento da burocracia para acessar as linhas de financiamento e transmite a preocupação com a execução do Plano Safra 2015/2016.
– Precisa de segurança para saber como vai ser implantado no futuro, e se os recursos vão ser colocados à disposição no tempo devido. O problema é que nunca foi tão burocrático como hoje, o que reduz o fluxo de investimentos e afeta muito os produtores brasileiros – disse Martin Richenhagen, CEO mundial da AGCO.
Bernhard Kiep, vice-presidente de Marketing e Pós-venda para a América do Sul comenta que a empresa esteve com um número grande de produtores da Bahia, de Goiás e de Minas Gerais, e o Plano Safra não tem realmente se tornado efetivo.
– O custeio está atrasado, não só a questão Finame, para equipamentos, mas também o custeio que é muito mais sério. E se este custeio não chegar na ponta, com certeza vamos ter uma safra frustrada, uma safra menor, já se fala em muitas regiões de plantar com menos adubo, e isso, para nossa macroeconomia no ano que vem não é bom – destaca Kiep.
A empresa quer manter o ritmo de investimentos no Brasil, nos próximos anos. Um dos destaques é a cana-de-açúcar. A nova fábrica de colhedoras de cana no interior paulista vai receber investimento de US$ 31 milhões. Mas a aposta maior está no Cerrado brasileiro, com a
projeção de aumento da demanda por máquinas de grande porte. Neste momento de crise no país, são as exportações que seguram o otimismo do setor.
– O aumento nas exportações é significativo para Venezuela e outros países da América Latina. Também se registra aumento de vendas de tratores para a África, um real mais fraco pode trazer desvantagens para a economia, mas em termos de exportação está ajudando muito – explica o gerente geral da AGCO para as Américas, Robert Crain.