O governo da Argentina afirmou nesta quinta-feira, 7, que vai rever a decisão de suspender temporariamente as exportações de milho, após uma reunião entre o ministro da agricultura e líderes das principais associações agrícolas do país. O Ministério disse em nota que acordos foram firmados para garantir o abastecimento doméstico de milho e diminuir os preços locais contra as oscilações dos mercados internacionais.
Após algumas reuniões, a Mesa de Enlace, que reúne diversas entidades do agronegócio na Argentina, decidiu paralisar por 72 horas, a partir da próxima segunda-feira, 11, a comercialização de grãos no país. A medida é uma forma de protesto contra a decisão do governo de suspender as exportações de milho até março.
De acordo com o professor de economia da Universidade de São Paulo (USP), Celso Grisi, a medida do governo argentino não impactará muito o Brasil. “Do ponto de vista local, estaríamos sofrendo alguma pressão, mas pequena. Temos outras fontes de fornecimento de milho como o Paraguai, Estados Unidos e Canadá”, afirma.
“No entanto, com a instabilidade das decisões sobre o setor agrícola, a Argentina acaba se tornando um fornecedor pouco confiável”, ressalta o professor.
O real problema seria se a medida se estendesse para outros produtos, como trigo, que o Brasil não é autossuficiente. “Possivelmente, se isso prospera e se estende para outros produtos, pode trazer problemas para a nossa inflação”, finaliza.