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Equação do milho em 2015 soma recorde de produção e exportação com bons preços

Desvalorização do real eleva competitividade do cereal no mercado mundial. Embarques internacionais enxugam oferta doméstica, sustentando cotações

Em um ano de recorde de produção e embarques acelerados, o mercado brasileiro de milho se beneficiou da desvalorização do real e se tornou ainda mais competitivo frente ao maior exportador do cereal do mundo, os Estados Unidos. Mesmo assustado com redução de créditos e custos altos, o produtor nacional de milho segue fechando bons acordos comerciais.
 
O produtor Ancelmo José Bernardelli, de Santa Mariana (PR), costumava investir no trigo, mas viu no milho uma oportunidade para equilibrar as contas, numa época de custos elevados de produção.

Segundo ele, tem sido difícil conduzir a lavoura de trigo pela falta de avanço na pesquisa de novas cultivares. “Nós estamos plantando variedades que não estão se adaptando muito bem à nossa região”, diz.

Já o milho, de acordo com Bernardelli, teria a seu favor um amplo mercado doméstico e a facilidade de ser conduzido durante o inverno.
 
Exportações

Com a ajuda do clima, a safra de milho 2015/2016 foi a maior da história, atingindo cerca de 88 milhões de toneladas. O volume é suficiente para atender à demanda interna e fazer o Brasil se manter entre os cinco maiores exportadores mundiais do grão.

O bom resultado nas exportações tem enxugado a oferta doméstica, fazendo os preços resistirem. Segundo Flávio França Júnior, da França Júnior Consultoria, o escoamento para o exterior possibilitou que chegássemos ao final do ano com preços médios superiores aos de 2014 e com boa remuneração aos produtores.

França Júnior afirma que, neste ano, ainda que o mercado internacional tenha estado em baixa, a taxa de câmbio agiu favoravelmente. “A gente exporta, a gente escoa, a gente limpa o mercado interno, diminui os estoques e o preço fica atrelado à exportação. O saldo é muito bom”, diz o consultor.

Teremos um recorde de exportação que deve ultrapassar 30 milhões de toneladas

Em 2015 o maior importador do milho brasileiro foi o Vietnã, que gerou uma receita de embarques próxima de US$ 560 milhões. O Brasil conquistou espaço rapidamente no mercado internacional. Em 2000, o país praticamente não exportava, e hoje está atrás apenas dos EUA no ranking global. “Certamente teremos um recorde de exportação, que deve ultrapassar 30 milhões de toneladas”, afirma o analista da Consultoria Agroeconômica Carlos Cogo.

A valorização do dólar motivou muitos produtores brasileiros a travarem valores nas negociações futuras. O agricultor Daniel Rosenthal, de Rolândia (PR), por exemplo, afirma que costuma travar de 30% a 40% da safra. Ele acredita que essa faixa seja a mais segura, para não necessitar ir ao mercado para cumprir contratos em caso de haver quebra de produção.


Câmbio

A expectativa para 2016 é que os preços continuem altos até a entrada dos primeiros lotes da safra de verão, entre fevereiro e março. Para os analistas, o período é positivo, mas requer muita atenção do produtor, principalmente em relação à variação cambial.
 
A taxa de câmbio tem um componente especulativo muito forte, especialmente no que diz respeito à questão da economia e da política brasileiras, alerta França Júnior. Segundo ele, o câmbio acima de R$ 3,70 por dólar é uma “taxa de crise”, que representa a existência de um problema. 

À medida que esse perfil seja alterado – que a crise atinja “o fundo do poço” ou que o país comece a melhorar – a tendência é a relação se tornar mais favorável ao real.

O correto, segundo o consultor, é o produtor aproveitar as janelas de boas taxas surgidas para fazer sua média de preço. 

“A taxa de câmbio não é uma variável segura que ele tenha na mão, que ele possa considerar que subirá durante todo o ano de 2016. Ainda acho que tem turbulências pela frente, mas o produtor deve ficar atento e ir fechando as contas a cada puxada que o mercado oferecer”, aconselha França Júnior.

Safra 2015/2016

Com um recuo de 6% na área de milho na próxima safra de verão, 2016 deve ser um ano de produtividade abaixo da registrada neste ano, por interferência do fenômeno climático El Niño.

A segunda safra ainda está indefinida e pode ter risco climático ampliado. Por conta do atraso do plantio de soja, ela será semeada fora da janela ideal e dificilmente repetirá o recorde de produção, afirma Carlos Cogo. 

“Com a soma das duas safras, devemos ficar de 2 milhões a 3 milhões de toneladas abaixo do que foi colhido em 2015”, diz o analista.

No comércio exterior, a união de forças entre Brasil e Argentina na briga por acordos comerciais com a União Europeia (UE) faz prever um bom volume de embarques do milho brasileiro em 2016.

O acordo entre o Mercosul e a EU tem grandes chances de avançar, já que antes havia pouco interesse do lado brasileiro e nenhuma vontade do governo Kirchner, na Argentina, avalia Carlos Cogo. “Com o novo presidente argentino, Maurício Macri, e uma postura mais agressiva em relação a acordos bilaterais, como o Transpacífico, o Brasil também poderá ser incluído e avançar”, assegura o analista de mercado.

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