Ervilhas podem render ganhos de até R$ 3 mil por hectare

Parceria entre os produtores e a indústria traz novos horizontes para a cultura pouco difundida no país

Fonte: Mariza Stuani Matsui/Arquivo Pessoal

A produção de ervilhas verdes deve crescer no mercado brasileiro devido à parceria ganha-ganha realizada entre os produtores e as indústrias. Por um lado as empresas terão produtos frescos e sua demanda será atendida inteiramente, do outro o produtor reduz custos e tem um pagamento garantido pela sua safra.

Antes disso, a realidade era igual a qualquer outra cultura de menor expressão, plantar, torcer pelo clima, colher e tentar encontrar um comprador que pague o justo pelo produto. Mas isso está mudando garante produtor do Distrito Federal Luiz Ângelo Cappellesso. Há três safras, ele produzia apenas feijão e sofria para obter lucro e resolveu plantar ervilhas, na época sem saber exatamente o que aquilo poderia lhe render. “Quem planta feijão sabe de todos os riscos, como as pragas, as doenças e o clima. Com a ervilha o manejo é muito mais fácil, prático, bom de conduzir a lavoura devido a menor incidência de doenças e pragas”, garante.

Depois do primeiro ano, Cappellesso conseguiu fechar a parceria com uma indústria e passou a vender toda sua produção para ela, que paga R$ 780 reais por tonelada, além de custear ainda as sementes e a colheita. Somente os fertilizantes e os defensivos ficam por conta do produtor, que planta hoje 115 hectares com irrigação, com uma produtividade média de sete toneladas por hectare. Seus custos atuais não ultrapassam os R$ 2,5 mil por hectare, e a margem compensa. “Vale a pena, porque trabalho com contrato fechado desde o início, sabendo o valor que venderei meu produto”, afirma o produtor. “Apostei na ervilha verde porque ela paga melhor.”

A ervilha industrializada vendida no Brasil é dividida em dois grupos: o tipo mais comum, que é colhida seca e depois reidratada e a ervilha verde fresca, que precisa ser colhida e enlatada no mesmo dia. Esta tem um valor até três vezes maior que a seca, com espaço para expansão no mercado brasileiro, conta o pesquisador da Embrapa Warley Nascimento. “Ela não tem folhas, só estípula e gavinha. Isso permite adensar a população de plantas, cria um microclima mais favorável a planta e menos favorável a doenças”, explica ele.

Outro ponto positivo da cultura é a melhora na fertilidade do solo, relata Nascimento, já que as ervilhas retiram nitrogênio do ar, através das bactérias, em um fenômeno conhecido como simbiose. “Então para o solo ela é muito interessante, melhorando a parte química e física do solo”, frisa. “A massa que fica após a colheita melhora muito a estrutura da terra.”

Entretanto, ele discorda do produtor sobre a simplicidade de se produzir ervilhas. A colheita da ervilha verde é diferente da maioria das leguminosas produzidas no Brasil. Como o grão ainda está fresco é preciso usar uma máquina importada, específica para esse tipo de material. Para evitar o travamento do equipamento, o ideal é que ele seja lavado duas vezes por dia e se locomova, no máximo, a dois quilômetros por hora. “Não é qualquer máquina que pode colher ervilhas. São máquinas importadas e é preciso se atentar aos detalhes antes de fazer colheita”, conta Nascimento.