A greve dos caminhoneiros prejudicou as vendas de soja e derivativos. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), todas as unidades que realizam o esmagamento do grão no país ficaram com atividades suspensas por conta da manifestação. A entidade prevê queda nas exportações do farelo a partir de junho.
Renan Augusto Araújo, analista de mercado da Informa Economics, afirma que, no momento, o mercado está sem liquidez, o que dificulta o cumprimento de contratos de vendas externas. “Hoje, o pessoal está se rearranjando, preocupado se vai conseguir cumprir esses contratos por conta desse represamento, porque nós não temos uma posição de quando que tudo isso vai voltar à normalidade”, conta. Ele acrescenta que mesmo após o fim da greve, vai demorar um pouco para que as coisas retornem aos eixos, e isso pode causar problemas de pagamento entre traders e importadores ou traders e produtores.
O transporte de milho também têm sido afetado nos principais centros consumidores do país. O setor de proteína animal calcula prejuízo de R$ 3 bilhões devido à falta de disponibilidade do grão. Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), durante a manifestação, as cotações subiram quase 6%, em São Paulo, e chegou a ser negociado a R$ 45.
As vendas ao exterior também estão sendo impactadas. A analista de mercado Amaryllis Romano explica que o mercado internacional está sofrendo com a escassez do grão, em grande parte pela quebra da safra argentina. “Acredito que muito da tônica dos preços nas próximas semanas vai ser ditado pelo ritmo de compra deste produto para exportação”, diz.
Para Araújo, caso a situação não se normalize nos próximos dias, o país também terá problemas logísticos durante a colheita da segunda safra do milho. “Vai entrar em pico de colheita dentro de 25 dias mais ou menos. Então, existe esse problema de escoar a segunda safra junto com o que está represado de soja. Os portos portos podem não atender toda essa demanda”, afirma.