O investimento em sanidade pode ser a saída para aumentar o lucro com a atividade leiteira, mesmo em períodos de crise como a que o Brasil atravessa atualmente. Segundo especialistas, é preciso que o produto nacional tenha preços mais competitivos para poder ganhar a preferência diante dos produtos importados, mas esse resultado só aparece depois de muito planejamento.
Segundo o levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o preço pago no campo nunca foi tão baixo, com o produtor recebendo, em média, R$ 1,08 pelo litro. “A cadeia precisa se fortalecer mais para dar mais informações para o consumidor, para que haja um trabalho melhor”, comentou o produtor rural Ronaldo Ibrahin.
Um dos motivos da crise do leite está no poder de compra do brasileiro, que diminuiu este ano por causa da crise econômica. Em 2016 o consumo per capita foi de 171 litros e, em 2017, esse valor vai cair.
“Estamos neste cenário desde o final de 2014, com o consumo de lácteos retraindo e o consumidor acaba se desacostumando a consumir os produtos. Esse consumo enfraquecido faz com que a indústria tenha que repensar estratégias de processamento e acabe investindo em lácteos que saem mais, fazendo com que os preços despenquem”, disse a pesquisadora do Cepea, Natalia Grigol.
O alto custo de produção e a baixa remuneração foram discutidos durante a Caravana da Produtividade, realizada em Lorena, no interior de São Paulo. Com participação de pecuaristas da região, um dos temas abordados foi como ter mais lucratividade e gastar menos .
Sanidade
“É um paradigma que temos que quebrar com o pecurista. Economizando em sanidade, ele vai baixar seus custos, mas o que pregamos é exatamente o contrário: se fizer uma boa sanidade, ele terá um melhor retorno, ou seja, é preciso investir certo nas categorias certas, usando bons medicamentos, pois desta forma você vai manter o custo de produção em torno de 3% a 4% e ter o seu melhor retorno”, avaliou o médico veterinário Eduardo Pires.
O produtor Carlos Zeraick tem uma fazenda que produz 15 mil litros de leite por dia, mas apesar do bom volume, o pecuarista confessa que o custo não está compensando. “Sofremos pressões com o custo da energia, mão de obra e combustíveis. Além disso, o preço do leite vem caindo e o ponto de encontro entre custo e produção ficou lá atrás”, lamentou.
De acordo com Natalia, a solução para os produtores passa pela união do setor. “A cadeia precisa se articular de forma mais organizada. Estar em uma maior sintonia para estreitar a relação entre os elos e enxergar a necessidade de uma ação conjunta”, disse.