A safra de café do Sudeste apresentou redução de quase 8%, com mais de dez milhões de sacas a menos do que o previsto no início da temporada.
Já a produção de cana do Centro-Sul teve recuo de 5%, chegando a 567 milhões de toneladas. A produção de hortaliças e de frutas também foi prejudicada. Até as pastagens foram afetadas, fazendo aumentar o confinamento e colaborando para a alta do preço da arroba do boi.
A estiagem interferiu até no escoamento da safra. O transporte de cargas chegou a ser totalmente suspenso na hidrovia Tietê-Paraná, no interior de São Paulo, por conta da menos quantidade de água nos rios, o que impediu a circulação das barcaças.
O problema pode se tornar pior em 2015, pois as chuvas ainda devem ficar abaixo da média, sem recompor os níveis de rios e reservatórios.
Além dos produtores rurais, a população urbana também vai se preocupar cada vez mais com a falta de chuvas.
Soja
Para a lavoura de soja, algumas regiões foram mais beneficiadas com chuvas do que outras.
No Centro-Oeste, houve atraso no plantio da leguminosa, o que afeta o calendário de cultivo de 2015.
Na fazenda de Amarildo Christofoli, em Diamantino (MT), por exemplo, nove mil dos 15 mil hectares seriam destinados ao milho de segunda safra. Mas, com o atraso, a área para o cultivo do grão deverá ser reduzida em pelo menos 10%.
– Vou aumentar a adubação em cima do que eu conseguir plantar e a tentar devolver a semente ou depositar para o próximo ano. Mas aí já é prejuízo – avalia Christofoli.
Se, por um lado, o plantio de soja atrasou pela falta de chuva, por outro, o clima deve colaborar com a segunda safra de 2015.
– Para o milho segunda safra, favorece; para o Centro-Oeste – especialmente Mato Grosso e Goiás – deve levar a condição de chuvas até abril. Claro que nós estamos com um probleminha de atraso de plantio. Então, o risco está muito associado ao período do plantio, e o produtor tem que ficar atento. Mas as chuvas devem ir ate o final de abril com alguns episódios isolados em maio. Semelhante aos últimos anos – explica o meteorologista da Somar Paulo Etchichury
Segundo ele, as chuvas devem diminuir em janeiro e fevereiro no oeste baiano, assim como nas duas últimas temporadas. A região e os estados de Maranhão, Piauí e Tocantins devem sofrer alguns períodos de estiagem, sem comprometer a safra, mas certamente penalizando um pouco a produtividade.
Sul
Na Região Sul, a história também se repete. No entanto, por lá isso será positivo para as lavouras de grãos.
– No verão, nós vamos ter a volta dos chamados bloqueios atmosféricos, que levam as frentes frias a atuar um pouco mais no Sul do Brasil. Isso beneficia a safra de verão local, como já foi no período passado, assim como também favorece a Argentina e o Paraguai – afirma o meteorologista da Somar.