Em Mato Grosso, o drama em relação às péssimas condições das estradas estaduais continua. No Vale do Araguaia, além de perder produção no escoamento dos grãos os agricultores não conseguem receber o insumo da próxima safra.
Com estradas não pavimentadas, falta de manutenção, buracos, falta de visibilidade e vários pontos de atoleiros, o estado das rodovias representa prejuízos e causa revolta para quem depende das MTs 322- 430 no Vale do Araguaia.
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“Nós perdemos a safra esse ano porque não tivemos estradas para tirar o grão. Caminhão atolado, ponte caindo. Eu estou com calcário aqui para chegar aqui na propriedade e não chega. Não vem caminhão para cá, porque quando fala que é São José do Xingú a demanda está grande, mas as estradas estão ruins e ninguém quer vir”, desabafa o produtor Flávio Vianna.
A má condição das estradas também é uma reclamação do agricultor Volmar Mangione, que faz um apelo aos governantes. “Plena seca, caminhão parado, atolando na seca. Isso é um descaso dos governantes. Por favor, nos ajudem! A situação está muito crítica. Frete só encarecendo e não temos onde recorrer ao Fethab”.
De acordo com o presidente do sindicato rural de São José do Xingú Fernando Tulha, a situação da rodovia MT-322 está caótica, sem condições para escoar a safra.
“É uma estrada que existe há mais de 60 anos e de extrema necessidade para a região. Aqui produzimos 850 mil hectares de soja, 450 mil hectares de milho e uma pecuária de vanguarda. Essa estrada há mais de dez anos necessita de reparos e não apenas reparos emergenciais, que sejam feitos levantamentos no seu leito, para que possa oferecer uma trafegabilidade decente pelo menos para umas três safras”, diz Tulha.
Além dos transtornos logísticos, o setor também reclama das dificuldades burocráticas para tentar solucionar o problema da falta de pavimentação das estradas.
“Nós estávamos com um projeto de pavimentação asfáltica em trechos das MTs 322 e na 430. Acontece que um destes trechos está dentro da absurda zona de amortecimento de 40 quilômetros de uma reserva indígena, o Parque Nacional do Xingú. Com isso nós vamos ter que fazer um estudo indigenista que deve custar algo em torno de R$ 2 milhões, inviabilizando dessa maneira este projeto nosso que os fazendeiros e empresas da região estavam custeando, uma contrapartida nossa e o governo fazer essa pavimentação que é de extrema necessidade para a região”, ressalta Fernando Tulha.
O que o governo diz sobre as estradas?
Em nota, a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra) disse que repassou aos consórcios intermunicipais da região Araguaia um total de 10 máquinas e equipamentos rodoviários para serem utilizados na manutenção das rodovias estaduais não pavimentadas, de modo a assegurar a trafegabilidade durante todo o ano.
De acordo com a secretaria, foram repassadas motoniveladoras, pás-carregadeiras e escavadeiras ao Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental Araguaia (Cidesa) e ao Consórcio Intermunicipal Norte Araguaia (Cidesa NA), responsáveis pela manutenção das MT-322 e MT-430, e os trabalhos devem ser iniciados ainda neste mês.