Um estudo feito no Instituto Interamericano de Cooperação para Agricultura (IICA) mostra que a ampliação do acesso à internet no campo favorece o crescimento econômico dos países. Mas, para acontecer a ampliação é preciso investimentos. Este mesmo levantamento mostra que no Brasil menos da metade dos moradores da área rural tem acesso a uma conexão de qualidade.
A publicação do IICA, em parceria com a Microsoft e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, mostra que no Brasil apenas 46,9% dos moradores das áreas rurais contam com boa conexão. No meio urbano, essa porcentagem é de 76,3%.
A “conectividade significativa”, do estudo, leva em conta a análise dos dados de uso diário da internet, da posse de dispositivos de conexão, como celulares e computadores e da qualidade dos acessos via banda larga e rede 4G.
No Brasil, é justamente a velocidade de conexão 4G que mais puxa o índice de conectividade para baixo. A tecnologia de qualidade, chega para apenas 18,5% dos habitantes do campo. Quem convive na área rural ainda garante que a maior parte dos acessos acontece por esforço dos próprios agricultores e pecuaristas.
O trabalho divulgado pelo IICA traz também a informação de que investir em conectividade favorece o crescimento econômico de países, tanto desenvolvidos quanto os em desenvolvimento.
No caso do Brasil, país em desenvolvimento, adicionar apenas 10 linhas de banda larga a cada 100 habitantes pode aumentar o Produto Interno B (PIB) em 1,21% por ano. O mesmo acesso à rede 4G também gera impacto, ainda que menor, de 0,11%.
Sem internet e smartphones, os produtores não têm nem mesmo acesso a aplicativos gratuitos desenvolvidos pela Embrapa e que trazem orientações sobre cultivo, pragas e sanidade. Segundo a pós-doutora em comunicação Ada Machado Silveira, até mesmo o simples acesso às redes sociais já traz impactos positivos para o trabalhador rural.
Para a pesquisadora, a pandemia da covid-19 também deixou claro como a exclusão da tecnologia no campo traz outros prejuízos, como na educação das crianças.
Se a situação já não é boa no Brasil, no restante da América Latina e caribe é ainda pior. Em países como Peru, Bolívia, Guiana e Nicarágua, menos de 30% da população rural possui serviços de conectividade de qualidade. O instituto, autor do estudo, sugere que essa barreira seja vencida com parcerias público-privadas e até alianças com cooperações internacionais.