A safra de cana-de-açúcar em Minas Gerais vai terminar mais cedo neste ano e a expectativa é de uma produção de 63 milhões de toneladas. De acordo com a Associação das Indústrias Sucroenergéticas do estado (Siamig), das 35 usinas em atividade, 24 devem encerrar a moagem até o final de novembro. Com o período de entressafra maior, o setor espera que o preço da cana e, consequentemente, do etanol subam nos próximos meses no estado.
Uma propriedade em Campo Florido, no Triângulo Mineiro, já colheu mais de 80% da cana. Nesta safra, a produtividade foi maior: a quantidade de Açúcar Total Recuperável (ATR) deve ser de 135 quilos por tonelada, 6% a mais do que o ciclo passado.
“Nós esperamos 12 toneladas de açúcar por hectare que é o número que mais nos interessa. É um aumento significativo em relação ao ano passado devido as condições climáticas e um melhor senso varietal, fruto de um trabalho de investimento nas novas variedades com maior teto produtivo e também com as tecnologias que nós estamos aplicando”, explica o produtor rural Marcos Brunozzi.
Na Companhia Mineira de Açúcar e Álcool, a safra está prevista para terminar na segunda quinzena de novembro. Para o diretor financeiro da unidade, Jeferson Degaspari, a mudança pode ter impacto sobre o preço do etanol.
“Se a demanda daqui para frente elevar, pode ser que o preço tenha um ajuste natural, porque as plantas já estão paradas e não vão ter mais produto além daquele que já estava estocado. Mas nós temos também fatores como a Petrobras e a volta da Cide [contribuição que incide sobre operações com combustíveis] , nós temos o decreto que altera isso e que mexeu no PIS e Confins. Então, existem fatores do governo que podem também interferir nesse mercado”, afirma.
Para os produtores, a boa notícia é que a média de preços nesta safra será maior. Na região do Triângulo Mineiro, o valor pago no fechamento da safra é de R$ 90 a tonelada, o que representa um aumento de 22% na comparação com a temporada anterior.
“Nós já tivemos no passado alguns momentos muito bons e que não soubemos aproveitar. Agora, acredito que o setor está maduro e o produtor também; 2017 e 2018 vão ser bons para o setor”, diz o gerente agrícola da Associação dos Fornecedores de Cana da Região de Campo Florido, Rodrigo Piau.