Produtores de hortaliças do interior de São Paulo passaram a semana contabilizando os estragos. Eles foram causados por uma combinação de chuvas com sol forte sobre o solo encharcado. Na região de Campinas, choveu 314 milímetros só em fevereiro, volume acima da média histórica para o mês.
Em uma propriedade na cidade de Paulínia, choveu tanto nas últimas semanas que metade da horta foi descartada. “Tô entregando 50% menos. As plantas não se desenvolvem. Apodrecem ainda pequenas”, diz o produtor Reginaldo Pereira.
Das 25 hortaliças cultivadas por Pereira, foi a alface que mais sofreu. A diminuição da oferta foi rapidamente repassada no preço pago pelo consumidor. No índice de fevereiro da Ceasa de Campinas, a alface apresentou alta de 12% em relação a janeiro. Outra hortaliça bastante prejudicada foi o repolho, que ficou 25% mais caro no último mês.
“As folhosas e hortaliças leguminosas apresentam algum desconforto na produtividade, e isso chega ao mercado de uma forma: quantidade menor provoca um aumento de preços. Mas não é nada que não seja retomado em pouco espaço de tempo”, diz Márcio de Lima, coordenador de mercado hortigranjeiro do Ceasa Campinas.
A quebra de produção das hortaliças na região influenciou a oferta no Ceasa Campinas, que está entre as dez maiores distribuidoras do país. De janeiro a fevereiro, a disponibilidade de produtos no entreposto teve queda de 12,5%.
Paulo Roberto Antunes é exemplo de um produtor que está produzindo menos, vendendo poucos produtos e nem todos são de boa qualidade. “Muitas vezes, a qualidade não é boa, mas, como está em falta, as pessoas acabam levando”, diz.
“O El Niño está trazendo essa interferência. Então a gente não pode prever com precisão quanto tempo isso vai demorar. Com a chuva parando, em 15 dias o mercado já recua aos patamares normais”, afirma Márcio de Lima.