• Saiba quais são os problemas dos produtores de milho
Os estoques do grão estão altos e, nos próximos três meses, termina a colheita da safra de inverno do milho. De acordo com levantamentos, a produção deve superar as 52 milhões de toneladas. Diante da oferta, os preços estão em queda, abaixo inclusive do valor mínimo. O analista da consultoria Safras & Mercado Paulo Molinari prega cautela.
– O produtor precisa começar a focar uma comercialização um pouco diferente do que ele tem feito nos últimos anos. O produtor deixou muito para vender na hora de colher e acabou conseguindo bons preços no mercado. Ainda temos oportunidades para vender essa safrinha que está entrando porque ainda há compradores. Só que nos próximos 90 dias nós teremos um auge muito forte da colheita, aí é um momento de aguardar o final do ano, para ver se o cambio ou algum novo indicador melhora os preços – explica.
Ao contrário de outras análises, o consultor Anderson Galvão acredita em um cenário positivo no segundo semestre. E dois fatores podem influenciar essa melhoria.
– Parece um contrassenso, pois, de fato, o Brasil caminha para uma safra histórica de inverno, mas tanto a ligeira recuperação de preços quanto a produtividade forte vão ajudar o produtor a recuperar a renda. O produtor que aguardar até o segundo semestre terá uma expectativa melhor. O dilema muito grande é local de armazenagem – comenta o analista da Céleres Consultoria.
Dificuldades na comercialização
Na propriedade de 550 hectares do agricultor Daniel Cecon, em Elias Fausto (SP), a colheita do milho está próxima, mas ele enfrenta dificuldade para vender a produção. O preço pago pela saca está em R$ 24,00 no mercado nacional, um valor que só cobre os custos de produção.
Para conseguir cobrir os custos de produção o produtor encontrou uma saída: vender parte da produção para o mercado externo. No Porto de Santos, o valor da saca que vai ser exportada é de R$ 29,50. Cecon conseguiu vender parte da produção no mercado futuro, entregando a produção entre setembro e outubro. Mesmo com a perspectiva melhor, o produtor vai armazenar parte da produção esperando que a cotação melhore no final deste ano.
– Vamos tentar esperar o mercado dar uma reagida, para ver se conseguimos agregar um pouco mais de valor. No ano passado isso foi feito e o resultado foi mais ou menos. Vamos tentar de novo para ver se conseguimos liquidar alguma coisa mais para frente – comenta.