O setor de processamento de soja no Brasil teve um ano de altos e baixos. O aumento nas vendas de óleo de soja para a Índia e China foi ponto positivo, enquanto a decisão do governo de não aumentar a mistura de biodiesel ao diesel a partir deste ano foi motivo de baixa.
Porém, de acordo com o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), André Nassar, em 2021 houve uma produção de soja “nunca antes vista por aqui”, graças ao acréscimo de 11 milhões de toneladas frente à temporada anterior. Com isso, foi produzido um total de 138,3 milhões de toneladas, consolidando o Brasil como o maior produtor global da oleaginosa.
“Infelizmente, o processamento de soja não acompanhou o crescimento da produção. Então, comparando 2021 com 2020, tivemos cerca de 3 milhões de toneladas a mais de exportação, mas o processamento da soja caiu 300 mil/ton, o que é um aspecto negativo”, analisou.
Com isso, houve uma interrupção no crescimento do processamento de soja e maior exportação do grão bruto, o que desvalorizou o produto. “Do ponto de vista de trading foi interessante, mas do ponto de vista de indústria, não. Então esse é o ponto mais importante e decorre, principalmente, por causa de uma menor demanda por óleo vegetal, por conta da redução do mandato do teor de biodiesel no diesel”, disse Nassar.
Impacto do biodiesel
Outro fator de impacto foi que, em novembro, o governo decidiu manter em 10% a mistura de biodiesel ao diesel para todo o ano de 2022, contrariando a decisão anterior e frustrando a expectativa do mercado, que esperava um aumento para 13%. Afinal, a maior parte do biodiesel produzido hoje globalmente é derivada do óleo de soja, e a compensação para o segmento veio da exportação de óleo vegetal para alimentação.
“Nós vamos exportar 1,6 milhão de toneladas de óleo contra 1,1 milhão de 2020. Uma parte do menor volume de demanda de consumo de óleo para biodiesel foi revertida para a exportação”, apontou. Deste modo, apesar de o processamento não ter aumentado, isso gerou um certo volume de óleo que deveria ter ido ao biodiesel e não foi, mas acabou destinado para exportação.
De acordo com a Abiove, pela primeira vez os países asiáticos estão comprando mais farelo de soja do Brasil do que a Europa. Nas projeções, em 2022, o Brasil deve registrar aumento de 5% na produção, alta de 9% nas exportações e incremento de 3% do processamento da oleaginosa.