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Extrativistas de pinhão querem antecipar a data de início da colheita da semente no Rio Grande do Sul, já que a maturação está acontecendo antes do período autorizado pela lei, que é a segunda quinzena de abril. Com esse desencontro no calendário, produtores reclamam de perda na produção anual.
Terceiro estado que mais produz o pinhão no Brasil, atrás de Santa Catarina e Paraná, o Rio Grande do Sul vê na semente uma fonte de renda para dezenas de famílias do interior da Serra, como a de Sélvio de Macedo de Carvalho, que acredita que a colheita possa começar já no final de março.
“Esse ano foi conseguido pinhão maduro em 25 de março, já no chão, coisa que não acontecia antes. Na realidade é a renda mais certa, embora dê pouco no mato, mas a gente sempre consegue alguma coisa”, disse o extrativista.
O mesmo clima que antecipa a maturação da semente pode provocar uma perda considerável na produtividade, como tem ocorrido nos últimos nãos no Rio Grande do Sul, que estima quebra na safra de 40% na serra gaúcha, região que domina a produção.
Legislação
Uma regulamentação estadual de 1976 define que a colheita do pinhão só pode acontecer a partir do dia 15 de abril, para não prejudicar a reprodução da planta e o ecossistema. O dispositivo foi criado para proteger alguns animais que se alimentam da semente.
Na visão da engenheira florestal Adelaide Kegler Ramos, é possível iniciar a colheita mais cedo por causa da mudança do clima nos últimos anos. “Seria possível em função de que a maturação das pinhas acaba acontecendo bem antes do ciclo desta data estabelecida para a colheita”, disse ela, ressaltando a importância de se observar a plena maturação das pinhas, para que a araucária cumpra sua reprodução e continue mantendo o equilíbrio no ecossistema.