A falta de recursos hídricos tem sido um grave problema para os produtores de Santa Juliana, no Triângulo Mineiro. Sem a quantidade de água necessária para abastecer os equipamentos de irrigação e o aumento no custo da tarifa de energia, muitos produtores reduziram pela metade a área cultivada.
Na fazenda do produtor Leone Wojcik, mais de 500 hectares deixaram de ser cultivados, com os pivôs de irrigação parados por falta de água.
– Não vou plantar milho semente que a gente sempre plantava essa época e já deveria estar plantado, plantio de batata esse ano eu estou plantando mais longe para garantir água. Então nós deixamos os pivôs mais parados e eu acho que é mais lucrativo para nós parar do que enfrentar essa dificuldade que nós estamos passando no dia a dia – disse.
O manejo do gado também teve que ser modificado. As 1,8 mil cabeças criadas a pasto foram colocadas no cocho. A grama secou e o produtor já não consegue manter todos os animais na mesma área sem irrigar.
Na fazenda ao lado, o produtor Edson Stock passa pela mesma dificuldade. O produtor não plantou semente para milho este ano, achou melhor esperar. Na área de batata, ele cultivou 60 hectares, quase 50% a menos que nos anos anteriores.
– A gente plantou uma área menor, investiu em produtividade, queremos colher umas 700 sacas de batata por hectare e se tivesse barramento essa área poderia ser maior, porém, talvez com menos produtividade por hectare – afirmou.
Para resolver esse antigo problema, os produtores de Santa Juliana querem construir barramentos para reter a água da chuva e aumentar a disponibilidade de recursos hídricos. O problema é que muitos projetos estão há seis anos parados esperando autorização dos órgãos ambientais. Enquanto isso, o nível dos rios e a produtividade das lavouras vão diminuindo.
A região de Santa Juliana tem aproximadamente 11 mil hectares de lavouras irrigadas. Segundo o diretor da Associação dos Gestores Ambientais da Bacia do Ribeirão Santa Juliana, Ney Fernandes de Oliveira, essa área poderia ser 30% maior se houvesse a construção de estruturas para retenção de água.
– São vários prejuízos para a região. Nós temos prejuízos econômicos, ambientais e sociais. A questão ambiental porque nós deixamos de guardar recursos de chuva para utilizar na seca, a questão econômica é que a atividade pode gerar riqueza e na questão social, pois, nós poderíamos gerar uma enorme quantidade de empregos, cerca de 2 ou 3 mil empregos a mais – afirmou.
Segundo ele, atualmente existem dezenove processos de construção de estruturas para reter a água parados.