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Rural Notícias

Falta de chuva causa morte de animais e afeta reposição em Mato Grosso

O baixo escore corporal dos animais vai comprometer o calendário reprodutivo e deve refletir na oferta de animais para abates em 2021

Em Mato Grosso, a irregularidade das chuvas prejudica pastagens, causa morte de animais e ainda pode comprometer a reposição de abates no próximo ano. Na propriedade do pecuarista Olímpio Risso de Brito, por exemplo, o cenário é devastador, já que o município de Denise apresenta aparência de quase deserto, com uma estiagem prolongada que consumiu 100% dos 1.700 hectares de pastagem e deixou 3,6 mil animais sem alimentação.

“Em meados de maio até o final de novembro ficamos com 40 milímetros de chuvas, geralmente tínhamos mais de 400 milímetros neste mesmo período. Tivemos que esparramar o gado por toda a fazenda e acabou degradando de uma maneira geral”, disse.

No sistema extensivo, o pecuarista trabalha o ciclo completo na fazenda, com cria, recria e engorda. Para tentar suprir a baixa oferta de pasto e evitar novas perdas, o criador recorre à compra de capulho de algodão, bagaço e resíduos de cana. O suplemento no cocho, no entanto, não é o suficiente para manter o desempenho do rebanho.

“Na média, perderam mais de 100 kg por animal, só neste período, e uma coisa que é interessante é que quando começa a sair o capim, é um capim mole e aquoso, e assim os animais continuam perdendo peso. O que vem é um sentimento de impotência, como se estivéssemos presos, pois usamos tudo o que temos de conhecimento para suavizar esse tipo de tragédia”, completou o pecuarista.

Boi
Bois sofrem com falta de pasto estiagem em Denise (MT). Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural

Situação semelhante vive o produtor José João Bernardes, que teve que se reinventar para manter o rebanho vivo. “É necessário abrir a porteira, unir lotes, o que acaba refletindo negativamente. Neste ano de 2021 vai haver, obviamente,  um atraso na terminação destinados ao abate especialmente agora porque o confinamento já vai se encerrando e os animais que engorda a pasto não estão ainda prontos pela limitação de pastagem, a que se acrescentar um outro fator é que a gente ainda teve problemas com pragas tive propriedades que tiveram problemas com lagartas e cigarrinhas, e a irregularidade das chuvas ela não proporcionam um crescimento adequado das pastagens e você perde esse pico de crescimento, você vai ter dificuldade na recuperação dessas pastagens e as pragas viram, basta chover um pouco, a cobertura de solo vai estar desprotegida então vai ser um ano de pouco pasto e muitas pragas”, disse à reportagem.

O baixo escore corporal dos animais vai comprometer o calendário reprodutivo e deve refletir na oferta de animais para abates em 2021 no Estado, segundo o presidente da Associação de Criadores de Nelore, Aldo Rezende Telles. “Isso é um caso grave, pois o gado está com o escore fraco, índice baixo e a vacada parida está muito sentida e com o bezerro ao pé, assim ela não vai emprenhar novamente. Para o próximo ano vai haver pouca prenhez pela falta do capim e pode faltar animais para o abate porque o clima é que traz a fartura, como o clima está muito miserável pode trazer pouca produção para o próximo ano”, disse.

Bois sofrem com falta de pasto estiagem em Denise (MT). Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural
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