Mal começou a liberação do crédito do Plano Safra e já tem produtor desistindo de tentar financiamento em Mato Grosso. O motivo apontado é a falta de um documento ligado ao Cadastro Ambiental Rural (CAR), que é exigido pelos bancos e nem sempre é expedido com a rapidez necessária.
O produtor rural Carlos Beló, por exemplo, acaba de fazer um financiamento para a compra de um trator novo que custou R$ 490 mil, sendo que 10% do valor ele pagou com recurso próprio e o restante, parcelou com o banco para os próximos seis anos. Segundo ele, no entanto, a liberação do dinheiro não foi fácil.
“Estava esperando há dez dias, mas pelo fato de a gente não conseguir uma APF (Autorização Provisória de Funcionamento de Atividade Rural), ficamos esse tempo todo esperando. Estamos conseguindo o documento apenas com ajuda de profissionais, pois o produtor sozinho não consegue. Com isso, temos mais um custo, porque um engenheiro florestal também tem serviços a fazer e acaba cobrando da gente o que sairia sem custos pelo site”, disse.
Com a dificuldade, muitos produtores já desistiram de pegar crédito de investimento. “Até ligamos para a superintendência do Banco do Brasil, mas eles não tem muito o que fazer, porque isso é uma regra do Banco Central e do estado de Mato Grosso. Se não for desse jeito, o crédito não é liberado”, diz Beló, que também é presidente do Sindicato Rural de Tapurah.
Para o consultor de crédito rural, Marusan Ferreira Barbosa, as mudanças nas exigências ambientais têm sido o grande entrave do acesso ao crédito. A empresa dele atende cerca de 40 produtores e, no ano passado, ele conseguiu a liberação de R$ 19 milhões. Esse ano, já conseguiu R$ 40 milhões e, mesmo assim, considera o valor baixo.
Nesta safra, o Banco do Brasil vai destinar R$ 9 bilhões para Mato Grosso. Desse total, R$ 748 milhões são para a agricultura familiar, R$ 523 milhões para o médio produtor e R$ 7,8 bilhões para agricultura empresarial. Mas, pelo jeito, vai ser preciso muito esforço pra ver esse dinheiro chegar às mãos do produtor.
“O produtor que não tem crédito próprio para fazer a próxima safra vai ter que recorrer as trades para buscar dinheiro externo para conseguir financiamento, porque com as exigências que estão sendo feita pelo crédito rural a gente vê que terá uma dificuldade grande de acesso no segundo semestre pelos produtores nas instituições públicas “, disse Barbosa.